Capítulo 33
O ESTRAGO DO TABACO NO CINEMA E EM OUTRAS ARTES
Cinema é magia
O menino e o cachimbo
Pintura de Pablo Picasso, feita em 1905_segundo quadro mais caro do mundo (vendido por 104 milhões de dólares, em maio de 2004). A indústria do fumo também dá uma sorte danada... E, quem se ferra é a gente...
. Picasso, auto-retrato
Houve uma época, em que cismei de prestar atenção à presença do cigarro nos filmes que eu via. Pena que não guardei os resultados para passar a vocês. Eram números impressionantes: em 80% dos filmes, o ator principal fumava. Aliás, diversos pesquisadores tiveram a mesma curiosidade (1).
É algo muito gritante, o fato de haver tanta presença de fumo nas produções cinematográficas, quando sabemos todos que uma produção dessas envolve um tremendo planejamento prévio, com discussões aprofundadas sobre cada cena a ser filmada. Claramente, não é obra do acaso haver tantas cenas com fumantes. Há um interesse muito grande, por parte da indústria do fumo, em que o tabaco esteja relacionado com as figuras artísticas locais ou do chamado mundo fashion internacional. Se vocês vêem um artista famoso fumando, que mal haveria em imitá-lo, sobretudo, se ele alcançou tanto sucesso na vida e está com a bola cheíssima.
A indústria do fumo associou-se claramente à industria cinematográfica, para veicular direta ou subliminarmente a idéia de que fumar era glamuroso, seja como demonstrativo de rebeldia, de charme, de virilidade ou de coragem. Estudiosos do assunto, temos notado que a presença do fumo na tela que era maciça nas décadas de 50-60, haviam dado uma reduzida nas de 70-80, e voltou com toda força nas mãos e bocas dos mais famosos atores e atrizes do mundo, numa verdadeira conspiração. Tal fato foi, inclusive, denunciado no Festival de Cannes de 2003.
James Dean encarnou o rebelde sem causa como ninguém. Vejam como o fumo foi colocado na chamada para o filme, de forma totalmente ensaiada em seus mínimos detalhes. Cara de quem desafia e não está nem aí, jaqueta aberta, camiseta de malha, calça jeans, e o cigarrim... Pensem que ele morreu no ano em que eu nasci, nas priscas eras de 1955. Naquela época, esta imagem era tudo de bom. A marca que James Dean deixou foi tão forte que, apesar de só ter feito 3 filmes e ter morrido (em acidente de carro_30/09/55) com apenas 24 anos, meio século depois ainda o citamos. A indústria do fumo sente a oportunidade de longe...
Smoke Screeners (Detetives da Fumaça nas Telas de Cinema) - projeto educacional nos EUA.
O departamento de saúde pública de Massachusetts (EUA), desenvolveu um projeto super interessante, junto aos alunos de primeiro e segundo graus, chamado smoke screeners (3), em que a garotada é estimulada a olhar com atenção redobrada a publicidade disfarçada do tabaco nos filmes que assistem. Essa visão crítica dos meninos ajuda na conscientização da armação à qual estão expostos. O ator principal de um filme que fuma, às vezes, vale mais para a venda de cigarros do que anúncios na mídia. A escola que consegue abordar este tema com tal disposição, estaria prestando um serviço fantástico à saúde de seus alunos, servindo realmente como um núcleo de educação.
Outra iniciativa interessante é o site SceneSmoking, que avalia o impacto do fumo e do tabaco nas referências de divertimento. Ele faz parte de um projeto da American Lung Association de Sacramento (EUA), o 'Thumbs up, Thumbs down'. Este projeto visa aumentar as advertências sobre o impacto que o fumo nos filmes provoca sobre os jovens americanos. Eles acreditam que dentre as 2.000 crianças e adolescentes que começam a fumar diariamente por lá, metade delas o façam por terem sido expostas ao estímulo dos filmes (link).
Há uma manipulação tão clara do inconsciente coletivo, validando o fumo nos filmes em troca de dinheiro, que páginas estão sendo criadas apenas com o objetivo de denunciar este fato. A SaveOurDaughters.org é uma delas. Nesta página, revela-se que 20% das escolares americanas estão fumando regularmente, muitas delas influenciadas por filmes como 'O Sorriso da Mona Lisa'.
"Nossa, ele parece tão maneiro com aquele cigarro! Eu tenho que experimentar unzinho".
Até o início dos anos 80, o cigarro era aquele velho sinal de charme. Nos filmes antigos então, nem se fala. O cigarro deveria, pelo menos, ganhar o Oscar de ator coadjuvante, por exemplo, em Casablanca. Em quase todas as cenas, lá estava ele contracenando com Humphrey Bogart ( o Tom Cruise, o Brad Pitt ou o Leonardo DiCaprio, da época).
Bogart (57anos) morreu de qual câncer ? Câncer de pulmão, obviamente.
O fumo era uma marca registrada de Bogart, assim como o é para o câncer de pulmão que o levou.
Ingrid Bergman
A estrela de Casablanca, grande fumante, foi-se devido ao Câncer de mama.
Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA, em 1948, então ator de cinema, levantava uma graninha para as despesas divulgando os cigarros Chesterfield.
Alain Delon
Alain Delon (biografia), ator e maior símbolo sexual da história do cinema francês, também não deixa de faturar com a indústria do tabaco, cedendo o seu nome para vender o veneno. O painel de rua com os cigarros Alain Delon ainda tripudia sobre o desejo humano, colocando o cigarrinho sobre a imagem de uma das mais famosas avenidas do mundo, a Champs Élysées. A indústria do tabaco, que o que tem de maldade nada tem de boba, sabe que Paris é sonho de consumo de 11 entre 10 terráqueos. O Arco do Triunfo ao fundo, vem apenas como bônus.
Gary Cooper
"Há uma coisa com a qual eu posso sempre contar: os cigarros Chesterfield satisfazem".
Francis James 'Gary' Cooper morreu por câncer de próstata que evoluiu com metástases para os pulmões.
Marlon Brando
O Poderoso Chefão - uma arma a favor do tabagismo
Capones...
Cenas comuns de fumantes no filmes eram as salas enfumaçadas de jogos de cartas entre mafiosos e as cenas em que o ator principal estava nervoso. Não havia uma cena de "nervoso" sem o cigarrinho para marcar o clima.
ilustração de Philip Reeve (extraída de Al Capone e sua gangue, editora Cia. das Letras)
Entre os mafiosos de verdade, Al Capone, um dos mais famosos, vivia com um charuto pendurado na boca. Não foi, portanto, por acaso, que Alphonsus Capone morreu tão moço, aos 48 anos de idade, de infarto do coração, pouco tempo após ter tido um derrame cerebral.
Derrame cerebral e infarto do miocárdio levaram o poderoso chefão.
O charuto traz a particular ilusão de que seus usuários são poderosos e vitoriosos. Já o cachimbo tem uma áura de intelectualidade, o indivíduo ao cachimbar parece adquirir, magicamente, um ar de pensador, reflexivo e inteligente.
Sherlock Holmes, de Baker Street, o "maior detetive do mundo", exportou o uso do tabaco como aditivo da inteligência e da sagacidade. A nicotina efetivamente aumenta a capacidade de concentração mental.
Capa do livro de Georges Simenon, escrito em 1950 _ o Inspetor Maigret, francês, tal qual o inglês Sherlock Holmes, também era dependente de cachimbo para elucidar os crimes.
Para vocês verem como o tabaco era presente nas artes daquela época, leiam o primeiro parágrafo de Maigret e o fugitivo:
" Os quatro homens vinham apertados dentro do táxi. Paris estava coberto de neve. Às sete e meia da manhã, a cidade parecia lívida e o vento fazia correr rente ao chão uma poeira gelada. O mais magro dos quatro, sentado num banco móvel do carro, tinha o cigarro colado ao lábio inferior e algemas no pulso. O mais importante, de queixo enérgico, vestido com um pesado sobretudo e de coco na cabeça, fumava cachimbo enquanto via desfilar o gradeamento do Bosque de Bolonha ".
Nas décadas de 60 e 70, o fumo tinha a conotação também de ser coisa de macho. Macho que era macho tinha que fumar. Quanto mais fumasse, mais macho era. Um dos papéis cinematográficos que mais representavam um macho em ação era protagonizado pelo ator Clint Eastwood. Bota papel de macho nisso e bota fumo nisso...
Clint Eastwood era muito macho! Disparava 380 tiros de espingarda, pistolas e colts, sem tirar o charuto da boca.
Cigars, cigarettes and James Bond
E vários 'James Bond' também eram muito machos ! E, como fumavam as crianças!
20th Century Fox, publicada na Veja, ed.1743, 20/mar/02
Di Caprio não representa o macho clinteastwoodiano ou jamesbondianos, mas como também fuma nos filmes, o menino...
No final dos anos 80 e, principalmente a partir dos 90, o cigarro permanece como coadjuvante do ator principal do filme, só que agora, com o mocinho tentando (sem conseguir) largá-lo. Ou então, aparece alguem dizendo : "Man (ou brother, cara, bicho, malandro, my friend), esta droga vai te matar".
Não sei se vocês viram "Ghost - do outro lado da vida" mas lá, tem o lance exemplar daquela figura de preto, num metrô de Nova York, se arrastando pelo chão depois que todos os maços caíram de uma máquina de vender cigarros. Quer dizer, mesmo depois de morto, o bacana ainda estava louco para fumar. Foi uma cena patética.
A mãe de um amigo cineasta, realizador de filmes publicitários e criador de bois, num momento de total intimidade com a sua cria, revelou-lhe o motivo de haver entrado na gira do tabaco, o que acabaria por matá-la, algumas dezenas de anos mais tarde: "filho, disse ela, na minha época, quando víamos Clarke Gable fumando, nós gozávamos"...
Vários filmes que vi podem ser citados como exemplos da história tabágica no cinema e na sociedade. Em Cassino (Casino), por exemplo, com a história se passando na década de setenta: Robert de Niro e Sharon Stone fumam desbragadamente. Em Corações Roubados (Stolen Hearts) (anos 90 nos EUA): Sandra Bullock só aceita casar-se com o protagonista, caso o garotão pare de fumar definitivamente. Em As Duas Faces de Um Crime (Primal Fear) (tb. anos 90 nos EUA): Richard Gere representa um advogado ex-fumante, que adverte sua ex-parceira representada pela atriz Laura Linney, de que ela deveria ter tentado parar também, pois, em todos os momentos de maior tensão, a moça precisa acender "unzinho". Entretanto, em Pequeno Dicionário Amoroso (anos 90 no Brasil): Andréa Beltrão e Daniel Dantas fumam como condenados.
Em Titanic, filme que romanceia o naufrágio do mais moderno navio da época, em 15 de abril de 1912, fazendo-o repousar à 3.821 metros de profundidade, fumam o Leonardo DiCaprio, a namorada dele, o noivo da namorada dele e todos os amigos do noivo da namorada dele (é bom lembrar que o filme retratava o início do século e, a menina era bem avançada para a época). Titanic apresenta 41 takes com o fumo, certamente após bastante discussão de como inserí-lo em cada um destes takes, na hora mais apropriada possível, quando nós espectadores estivéssemos com as mentes totalmente disponíveis, para recebermos a mensagem subliminar, como por exemplo:
- quando o caçador de tesouros que descobriu o Titanic, Bock Lovett, consegue içar um cofre do fundo mar, para comemorar, pede que lhe acendam o charuto;
- na primeira cena em que aparece o esperado ator principal, Leonardo Di Caprio, ele fuma;
- quando a personagem de Leonardo Di Caprio vai salvar a mocinha que está pendurada no convés, prestes a suicidar-se, ele estava fumando e olhava as estrelas;
- assim que acaba de salvar a mocinha, devolvendo-a ao seu grupo, pede um cigarro como recompensa, mas acaba pegando dois.
O protagonista de Titanic salva a protagonista e ganha 2 cigarros por isto. Quanto terá custado inserir esta maracutaia na estória?
Na vida real é bem o contrário: a cada duas pessoas que usam fumo, só uma escapa dele com vida!
O cinema americano retratou o apogeu do cigarro, entretanto, pela tendência atual, começa a mostrar a sua decadência. O que tem sido realçado nos filmes americanos, a partir dos anos 90, são a nicotino-dependência e todo o sofrimento que as pessoas passam tentando livrar-se da nicotina. Porém, ainda fica claro que, em algumas produções, há um nítido interesse em que o fumo apareça de bonzinho, na maioria das vezes como um prêmio, uma recompensa por algo que tenha sido feito ou como um calmante por algo de que se tenha escapado.
Em 22 de novembro de 1997, data que poderíamos considerar como histórica, no meio anti-fumo, os Sindicatos de atores, diretores e produtores de cinema de Hollywood (Los Angeles, EUA), entraram na justiça contra as indústrias de cigarro, pedindo indenização pelos prejuízos causados a todos os trabalhadores da poderosa indústria cinematográfica americana.
A utilização do cinema como influência para a juventude começar a fumar, pode ser percebida, por exemplo, segundo o jornal O Globo - 9/12/97, na descoberta de que o ator Sylvester Stallone, recebeu, em 1983, 500 mil dólares da indústria de cigarro Brown & Williamson, para fumar cigarros da empresa em, pelo menos, cinco de seus filmes. Entretanto, no filme Get Carter (O Implacável), em 2000, Stallone parece querer redimir-se. Neste filme, apesar de fumar 17 cigarros em cada cena, na primeira metade da película, lá pelas tantas, abandona definitivamente o poderoso, inclusive, tentando fazer a cabeça da sobrinha fumante a também largar o funesto.
A atriz Elizabeth Hurley (ex-senhora do ator Hugh Grant), que é grande dependente de nicotina, lançou novo método para tentar parar de fumar: CHUPAR CHUPETA...
Filmes em penca, com estímulo ao fumo...
O filme _Villa-Lobos, uma vida de paixão_, do diretor Zelito Viana, roteirizado pelo meu amigo Joaquim Assis (com quem trabalhei na produção de um vídeo sobre Tuberculose - VOLTA LANDICO, do diretor Breno Kuperman) deverá entrar para o livro dos recordes, como aquele em que a personagem principal mais fuma. O maestro e compositor Villa-Lobos, representado por Marcos Palmeira e Antônio Fagundes em diferentes idades, fuma em praticamente todos os takes. Chega a dar náuseas... Para ser mais preciso, computei 95 takes em que o fumo aparece, sendo que, em 75 deles, é a personagem principal do filme que ostenta o serial killer. Já pelo cartaz promocional da película, podemos perceber a orgia nicotínica que se avizinhava:
Villa-Lobos, uma vida de paixão _ pelo que nos fez questão de mostrar o seu diretor, a sua maior paixão deve ter sido pelo charuto e não pela música. Pareceu até encomenda da indústria do tabaco...
ilustração de Kamil Yavuz ©- TurquiaVárias estrelas de Hollywood, que foram muito conhecidas dos pais de vocês, morreram por causa de doença tabaco-relacionada. O Câncer de pulmão levou Walt Disney, John Wayne, Steve McQueen (50 anos), Ed Sullivan, Yul Brinner, Robert Mitchum, Lloyd Haynes, Lee Remick, Doug McLure, Groucho Marx, Betty Grable e Gary Cooper. O câncer de garganta se incumbiu de Nat King Cole (45 anos) e Sammy Davis Jr. O Enfisema pulmonar ficou com John Houston, Dean Martin, Melinda Mercury e, pasmem, o fundador da companhia de cigarros R.J. Reynolds, o próprio R.J. Reynolds (58 anos) (todos grandes fumantes, de 3 maços por dia). A Bette Davis foi-se por um derrame cerebral. O infarto do coração levou Clark Grable (59 anos), Ian Fleming (56 anos, criador do James Bond), Robert Shaw (51 anos), Errol Flynn (50 anos) e Roy Orbison (52 anos).
Steve McQueen, em 'Bullit' ( Câncer de pulmão)
O ator Steve McQueen, morto aos cinquenta anos por câncer de pulmão, pode ser visto mais jovem divulgando os Cigarros Viceroy, durante o lançamento da marca de cigarros com filtro (um dos embustes da indústria para iludir os fumantes), sem supor que estava fazendo propaganda do seu futuro algóz.
Groucho Marx _ Câncer de pulmão
Paramount Pictures, publicada na Veja, ed. 1743, 20/mar/02
Em UM TIRA DA PESADA, a personagem de Eddie Murphy cai sobre dezenas de pacotes dos cigarros Lucky Strike e Pall Mall. Imaginem a produção dessa cena, tempo gasto em reuniões e ensaios, para ficar tudo perfeito e as marcas aparecerem bem. Dizem que esse tipo de cena vale mais para as indústrias do que os anúncios propriamente dito. Quando vemos uma propaganda tradicional, de uma certa forma nos protegemos, pois, é claro que alguém quer nos vender alguma coisa. Porém, nosso cérebro fica totalmente desprotegido quando a mensagem, que quer fazer exatamente mesmo, vem de forma subliminar.
Yul Brinner _ Câncer de pulmão
Um dos atores mais respeitados nos EUA, Yul Brinner, convocou uma entrevista coletiva em que disse, para uma audiência atônita que não sabia o motivo daquela convocação: "Eu estou com câncer de pulmão. Se soubesse antes o que o cigarro poderia me causar, jamais teria fumado". Ele acabou morrendo, por esta doença, alguns meses depois da entrevista.
Neste vídeo, Yul Brynner, em resposta à pergunta sobre o que mudaria em seu passado, afirma que não teria começado a fumar. Acrescenta que fumara muito, desde pequeno, para parecer mais 'macho'. Disse ter certeza de que estava morrendo pelo câncer de pulmão, e que esta doença ocorrera pelo seu vício. Ao final, solicita-nos que não fumemos. Já neste outro vídeo LINK, Brynner está ainda em plena forma no antológico O Rei e Eu...
Os poderes da Feiticeira não foram suficientes
Dick 'marido da Feiticeira' York _ Enfisema Pulmonar
Johnny Carsons
Em janeiro de 2005, o Enfisema Pulmonar também foi responsável pela partida precoce de Johnny Carsons, apresentador de um dos programas mais tradicionais da TV americana, o Tonight Show, onde ele se mantinha sempre portando um cigarrinho entre os dedos.
Um mestre da música
Duke "Jazz" Ellington _ Câncer de pulmão
Paul Newman _ Câncer de pulmão, 2008
Peter Falk (Detetive Columbo) _ Demência + Alzheimer, 2011
Michael Landon (o Little Joe, de meus tempos de Bonanza_seriado de imenso sucesso quando era adolescente como vocês) era grande fumante (4 maços diários) e partiu, aos 54 anos, devido ao câncer de pâncreas (um dos cânceres ligados ao tabagismo).
James Gandolfini (o Tony Soprano, da Família Soprano, seriado considerado um dos melhores já produzidos) mudou de plano aos 51 anos, em junho de 2013, pela doença que mais causa mortes no planeta e que tem imensa relação com o tabaco:
Infarto do Coração.
Suzanne Pleshette
Suzanne Pleshette, atriz de 'Os pássaros', de Alfred Hitchcock,
sofria de câncer de pulmão e morreu por falência respiratória, em 2008.
Leonard Bernstein
O maestro, compositor e pianista, Leonard Bernstein deixou-nos devido à gravidade de seu Enfisema pulmonar ( ele fumava três maços de cigarros por dia) e do ataque cardíaco que o levou. Apesar de tudo, ele tinha plena consciência do risco que o fumo representava para ele, a ponto de dizer: "uma das grandes coisas em ser maestro é que, enquanto estou regendo uma orquestra, eu não posso fumar". O maestro Bernstein era considerado a maior cultura musical do século XX
(The last days of Leonard Berstein_New York Times, 16/10/90)
Sammy Davis Jr., ator e showman americano, grande fumante, partiu por câncer de garganta que alastrou-se para os pulmões.
A atriz Sharon Stone protagonizou, em 1992, no filme Instinto Selvagem (Basic Instint), a cruzada de pernas mais sensual da história do cinema, quando, durante um interrogatório policial, acende um cigarro. A personagem da atriz passa o filme inteiro atentando contra a vontade de abandonar o cigarro do personagem masculino principal, vivido por Michael Douglas, o que acaba conseguindo.
Curiosamente, a atriz preocupou os seus fãs, em 2001, após a sua internação para tratamento de uma hemorragia cerebral, que lhe pôs a vida em risco e cujo principal fator de risco foi justamente o TABAGISMO. Pois bem, como uma ironia do destino, em 2002, o roteirista de Instinto Selvagem ( e também de Flashdance e Showgirls ), Joe Eszterhas, 57anos, escreve um artigo, publicado no The New York Times(1), em que revela haver descoberto um câncer de garganta, que o fez perder grande parte de sua laringe, tornando difícil e pouco compreensível a sua fala. Após essa descoberta, o roteirista fez um mea culpa e pediu que Hollywood pare de glamourizar o cigarro, como ele mesmo fez em suas histórias:
" O fumo era parte integral de muitos de meus roteiros, porque eu era um fumante militante. Fumar, eu acreditava, era direito de cada um... Eu não acho mais isso. Acho que o fumo deveria ter sido tão proibido quanto a heroína.
foto de Michael Caulfield
Tenho sido cúmplice do assassinato de um grande número de seres humanos. Eu estou admitindo isso, somente porque eu fiz um acordo com Deus: salve-me, eu disse, e eu tentarei evitar que outros cometam os mesmos crimes que eu cometi". Joe Eszterhas.
trecho de entrevista extraída do site do Joe
Q: Tell us about your "Join Joe" campaign.
Joe Eszterhas: It's an effort to get even with the tobaccos companies for killing and maiming people. It invites people to stop smoking and putting money into the tobacco companies' pockets. I've got throat cancer and started smoking when I was twelve--so, bottom line, I'm getting even with them for maiming me... and trying to help others at the same time. The Surgeon General of the United States has singled out the "Join Joe" campaign for praise and I'm proud of that.
Eszterhas, em participação no documentário franco-canadense, de 2006, Tabac, La Conspiration (Tabaco, A Conspiração), de Nadia Collot, conta o que aconteceu logo após a explosão de público do filme Instinto Selvagem (Basic Instinct):
"Assim que terminaram as filmagens de Basic Instinct, a indústria produziu os cigarros Basic e convidou-me para participar da estratégia de lançamento. Felizmente, eu disse não!"
Instinto Selvagem (Basic Instinct)
Em 2004, a famosa cena da cruzada de pernas da Sharon Stone, em Instinto Selvagem (1992), foi eleita a cena de pernas mais sexy da história do cinema, numa eleição que envolveu 600 pessoas na Inglaterra. Nós, que já havíamos atentado para aquela cruzada de pernas e a havíamos rotulado como a mais sensual da história (12 anos antes), parece que estávamos adivinhando... Desta vez, a indústria do tabaco se deu bem, apesar de quase que o idealizador da cena e a sua protagonista terem morrido tempos depois.
Em 2006, aproveitando o filão que deu certo, não é que a poderosa Sharon Stone vai reencarnar, 14 anos depois, a psicóloga Catherine Tramell, em Instinto Selvagem 2 (Basic Instinct 2). Agora com outro roteirista, mas com o cigarrinho de sempre. No cartaz de apresentação do filme, pernocas à mostra (bem à mostra) e o cigarro queimando...
Instinto Selvagem 2, o cigarrinho.
No filme SHADE, de 2003, escrito e dirigido por Damian Nieman, a intenção de servir à indústria do cigarro é tão flagrante que, além de colocarem cenas com fumo à exaustão e à náusea, criticam abertamente a decisão do prefeito de Nova York _ Michael Blomberg, que proibiu o fumo em restaurantes. O sr. Damian coloca na boca de uma garçonete (classe mais visada quando pensou-se na lei, pois, é a que fica mais exposta à fumaça alheia) a seguinte pérola, ao responder ao questionamento de um fumante sobre a possibilidade de fumar ali: "Pode sim, esta lei é idiota mesmo..."
Enquanto isto, atores, como Kevin Costner, posam para revistas de charutos. Uma tropa imensa de personalidades é utilizada para dar a falsa idéia de que o tabaco é algo bacana e que deva ser consumido. Da atriz Demi Moore à top-model Claudia Schiffer, passando pelo ator Pierce Brosnan, a indústria do tabaco não poupa esforços para estimular a desenfreada vendagem de seus produtos. Certamente, acreditando na cegueira de 1 bilhão e 200 milhões de nicotino-dependentes e de seus seguidores futuros. Sinceramente, não creio que estas celebridades tenham alguma deficiência de caráter. Prefiro acreditar que jamais foram bem orientadas quanto aos malefícios que provocam nos jovens, servindo de exemplo para uma nova geração de escravos. Entretanto, imagino como deva ser difícil para vocês acreditarem na turma que luta contra o fumo, vendo esta turma de peso fazendo tanto charme...
Sigmund Freud, o seu inseparável charuto e a morte por câncer de boca
O criador da Psicanálise , Sigmund Freud, morreu de câncer de boca, de tanto fumar charuto. Os seus biógrafos nos contam que Freud sofreu muito pela doença, em seus últimos 20 anos de vida, tendo sido operado dezenas de vezes, inclusive, perdendo parte do céu da boca e da mandíbula.
Entre nós, o diretor de teatro Flávio Rangel, emérito fumante, nos deixou aos 54 anos, por um câncer de pulmão.
Noel Rosa, compositor popular, foi levado pela tuberculose, aos 26 anos, com o auxílio prestimoso do cigarrinho de sempre.
Em 1980, o maior dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues, teve o mesmo destino, por derrame cerebral.
Neste mesmo ano de 1980, o tabagismo contribuiu também para a partida de Vinícius de Moraes, pela associação de duas doenças relacionadas ao cigarro: derrame cerebral e enfisema pulmonar. O Poetinha, como era chamado carinhosamente, compôs parte do que existe de mais importante na música brasileira, o que não serviu de atenuante para o serial killer.
Filha de Vinícius de Moraes faz alerta sobre o Tabagismo e divulga site feito para o pai (Happy Hour - Canal GNT)
Site do Poetinha: www.viniciusdemoraes.com.br
O câncer de pulmão já levara, em 1988, o Chacrinha (Abelardo Barbosa), o mais famoso e criativo apresentador da televisão brasileira. O Velho Guerreiro, como era chamado, fora realmente um guerreiro, pois, vencera o primeiro câncer de pulmão, sucumbindo ao segundo, vinte e cinco anos depois. Se o fumo já fez mal a milhões de pessoas e culturas, ter levado precocemente o nosso 'Velho' talvez tenha sido um de seus maiores pecados.
Em 1997, o fumo levou pro andar de cima o Zózimo Barroso do Amaral, um dos maiores colunistas sociais do país, com apenas 56 anos. O ano de 1999 foi particularmente cruel com atrizes brasileiras: o cigarro levou Consuelo Leandro, Heloísa Helena e Célia Biar. Em 2001, Gilberto Martinho, o Falcão Negro da minha infância, nos deixou por um câncer de pulmão.
Em 2002, o ator Carlos Zara parte por um câncer de esôfago, outro dos cânceres relacionados com os cigarros que fumara por tantos anos.
Ainda em 2002, o ator Gerson de Abreu, 37 anos, obeso e grande fumante, é levado por um infarto fulminante.
A ano de 2002 foi brabo... O serial killer levou também o super Mário Lago para o andar de cima, de malas e bagagens, devido às complicações do Enfisema Pulmonar que suportava havia vários anos. Uma doença que é marca registrada do tabaco. O co-autor de uma das mais famosas músicas compostas no Brasil _ "Ai, que saudades da Amélia", ao partir, empobreceu a nós todos.
O ano de 2003 começou levando Eduardo Conde, ator, cantor e mestre de cerimônias de diversos festivais de cinema, de apenas 56 anos, por câncer de pulmão.
Mais para trás, em 1982, morria Elis Regina Carvalho Costa, com apenas 37 anos. A mais maravilhosa intérprete da música popular brasileira. Apesar de nicotino-dependente, nos foi arrancada pela mistura de duas outras drogas. No entanto, o seu pai, Romeu Costa, morreria de Câncer de pulmão, a doença dos fumantes, em 1984...
Em 2007, quem nos deixou, pela associação de Câncer de pulmão com Enfisema Pulmonar, foi o ator Paulo Autran. Estas doenças, em 90% dos casos, tem como fator desencadeante o fumo.
Em 2008, foi o ator e médico Fernando Torres quem foi levado pelo Enfisema Pulmonar.
Zózimo Barroso do Amaral (1941-1997)Já que citamos acima a partida do Zózimo, reproduzo, emocionado, o depoimento de Paulo Marinho, um de seus melhores amigos, publicado no jornal O Globo, poucos dias depois de sua morte. Um depoimento que não fiz por vários amigos que perdi, inclusive, dois avós. Bom, leiam:
'O QUE ELE NÃO CONSEGUIU DIZER'
" Decidi escrever este depoimento no início desta semana, logo após desligar o telefonema no qual recebi a notícia de que Zózimo já não tinha mais chances de sobreviver ao câncer de pulmão, descoberto dois meses antes (setembro/97). Fui o último amigo a desfrutar de sua companhia ainda com um resto de saúde e esperança. Levava-o de cadeira de rodas pelas ruas de Miami, onde o sol lhe dava pretexto para desfilar uma antiga e desconhecida coleção pessoal de chapéus. Ele preferia um caricato modelo Indiana Jones e_ a despeito do cansaço e da calvície ampliados pela quimioterapia_ fingia incorporar o pirotécnico personagem de Hollywood para divertir quem se aproximava. Antes do câncer cruzar o seu caminho, Zózimo lutou como poucos para superar o alcoolismo. Sua última grande batalha contra esta doença foi a internação numa clínica especializada em 1996, seguida da corajosa decisão de ingressar nos Alcoólicos Anônimos. A cura chegara e ele se sentia feliz por tê-la conquistado. Mas não bastou. Há três meses, durante um jantar, Zózimo estava pálido e com forte dor de cabeça. Dois dias depois, o diagnóstico apontava para câncer de pulmão com metástases (disseminação) em vários órgãos. Daí em diante, salvo a primeira fase de tratamento nos EUA, quando chegou a ganhar peso, todos os embates no Hospital Mount Sinai resultaram em derrotas irreversíveis. Durante nossa última caminhada, Zózimo me revelou que sentia uma grande tristeza por não saber se viveria até o ano 2000. Aquele objetivo parecia bastar-lhe e tornou-se uma meta recorrente em suas conversas. Mas sua queixa mais sentida era quanto à fraqueza que o impedia de voltar a escrever, pois estava imbuído da missão de contar às pessoas sobre o mal que o cigarro lhe causara. Queria iniciar uma campanha contra o tabagismo, com todas as forças que lhe restassem. Zózimo fumou durante quase 40 anos. Sofreu como sofrem todos os que se arrependem tarde demais. A morte combinada entre o câncer de pulmão e o enfisema pulmonar, como a dele, é simplesmente monstruosa. Digo-o, como alguém que acaba de testemunhar o fim de um irmão querido. E, com o sentimento de estar tornando público o protesto que o destino não lhe deu tempo de fazer. Zózimo morreu vítima do cigarro, um flagelo ao mesmo tempo capaz de corromper o primeiro-ministro da Inglaterra e de produzir mais vítimas fatais do que todas as guerras. Tenho esperança de que algum dia os nossos governantes tomem decisões efetivas para impedir a continuação desse massacre. Era isso, acredito firmemente, o que Zózimo pretendia dizer, se não partisse tão cedo ". (Escrito pelo amigo Paulo Marinho)
foto - Lê Milagres
No finalzinho de 2001, quatro anos após a sua morte, uma estátua, de corpo inteiro do Zózimo, foi colocada no final da praia do Leblon (Rio de Janeiro). Se fizéssemos isso, com todos os amigos que vão embora por causa do tabaco, não teríamos lugar para que as pessoas alcançassem a praia...
Em 31 de outubro de 1998, deixou o mundo físico a produtora Sylvia Gardenberg (38 anos), menos de um mês após o encerramento do festival de jazz_ FreeJazz_ que coordenou, durante 13 anos, ao lado da irmã, Mônica. Apesar de ainda jovem, ela foi levada pela doença que mais relação tem com o tabaco, o câncer de pulmão. Ela foi, precocemente, para outras paragens, devido a uma doença que está totalmente relacionada com a atividade de seu patrocinador de tantos anos, os cigarros Free.
Jornal do Brasil, 29/12/98
Até o preparador físico Admildo Chirol, da Seleção Brasileira de Futebol tricampeã mundial em 1970, foi tragado pelo tabagismo, em 1999. Nem alguém que viveu às voltas com a atividade física preparando atletas de ponta, por décadas à fio, resistiu aos efeitos aterradores da nicotina e seus capangas.
O Globo, em foto de Júlio César Guimarães de 18/06/96
Um pouco antes do Prof. Admildo Chirol, o Presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, em 16/01/97, Dr. Eduardo Viana, grande fumante e além disto diabético, sofre infarto do coração enquanto trabalhava. Quase que o Caixa D'Água, como era chamado, engrossava as já extensas estatísticas das mortes por doenças ligados ao fumo, uma pandemia que está ainda começando no Brasil.
O Globo, 22/08/06
Porém, como se estivesse cumprindo uma sina macabra, apesar de 4 infartos do coração e haver feito transplante de rim por complicações do Diabetes e da Hipertensão Arterial, Caixa D´Água jamais parara de fumar, sendo vencido em 21 de agosto de 2006.
foto, Pedro Agílson, revista ISTO É
Em maio de 2003, um câncer de intestino levou, em menos de quinze dias, um dos mais interessantes intelectuais brasileiros, Wally Salomão. Em junho do mesmo ano, o mesmo câncer levou um artista maldito, da Lira Paulistana, Itamar Assunção, compositor e cantante (o compositor Augusto Jatobá disse-me que os dedos de Assunção, de quem era íntimo amigo, eram amarelados de tanta nicotina). Em julho, um mês após, nossa cultura empobrece e entristecemos ainda mais, com a morte súbita do ator e magnífico comediante Rogério Cardoso, no auge do sucesso, levado por um infarto do coração (segundo entrevista de um de seus melhores amigos, o também ator Marcos Plonka, ao Programa TV Fama, Rogério Cardoso chegava a fumar 4 maços de cigarros por dia, até submeter-se à cirurgia para troca de coronárias pelas safenas).
Itamar Assunção Rogério Cardoso
O que assusta, é que a epidemia de mortes por doenças relacionadas ao fumo está apenas começando no Brasil. O que assusta ainda mais, é saber que a maioria das pessoas não está preocupada com isso. O Tabagismo dizima a nossa cultura e o silêncio é quase geral.
Bezerra da Silva
Em 2005, o cantor Bezerra da Silva foi-se embora devido ao Enfisema Pulmonar que tanto judiara dele. Esta doença, que maltrata tanta gente, praticamente só acontece em quem é fumante ativo ou passivo. O Bezerra era a cara da boa malandragem carioca, porém, não foi malandro o suficiente para perceber a doença que o espreitava diariamente, e que carregou entre os dedos por décadas a fio.
Em 2009, a atriz Mara Manzan, que convivia razoavelmente bem com seu Enfisema pulmonar, já vencera o Câncer de colo de útero, não resistiu ao Câncer de pulmão. Todas são doenças relacionadas ao tabagismo.
José Wilker
Em 5 de abril de 2014, um infarto do coração leva mais uma estrela da cultura brasileira. Multi facetado, Wilker era ator de cinema, teatro e televisão, diretor e locutor. Teve papéis memoráveis em todas as mídias, como no teatro, em 'O Arquiteto e o Imperador da Assíria'; no cinema, em 'Dona Flor e Seus Dois Maridos e 'Bye, Bye, Brasil'; na TV, em 'Roque Santeiro'. Grande fumante, mudou de plano com apenas 66 anos.
Mais atrás no tempo, em junho de 1998, novamente ao mundo foi revelado o sofrimento causado pelo fumo a outra figura pública super conhecida, o músico George Harrison, que fizera parte do quarteto musical mais famoso do mundo, The Beatles.
Encarte do CD Sargent Pepper's Lonely Hearts Club Band, originalmente gravado em 1967, cedido pelo meu colega pneumologista Marcelo Pegado.
Ringo, John, Paul e George (aos 23 anos).
Harrison revelou, em 1998, que acabara de tratar um câncer de garganta, achava que estava curado e responsabilizava os cigarros que fumara pelo seu problema. Naquele momento, quase que perdíamos precocemente aquele que compôs músicas que nos embalaram quando tínhamos a idade de vocês hoje. Fora o autor de pérolas musicais, como: Something, Here comes the sun, While my guitar gently weeps e My Sweet Lord. Em maio de 2001, ficamos todos preocupados com notícias que davam conta de que operara um dos pulmões, para retirada de um tumor, o que mostrava que a doença provocada pelo cigarro estava viva. Más notícias viriam, mais tarde, com a propagação da doença para o cérebro, prenúncio do fim corporal do guitarrista, que era chamado de " o Beatle quieto ".
Em 29 de novembro de 2001, deu-se a passagem de George para outro plano de existência. O fumo acabava de encaminhar mais um ser humano para a sua morada final. Leitor de vários jornais diários, busquei no Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e O Globo (todos publicaram matéria de três páginas sobre o assunto), alguma referência ao fato de que, ao contrário de seu parceiro John Lennon que foi morto por uma atitude isolada de um lunático, numa noite escura de Nova York, Harrison partiu por causa de uma prática condenada pela Organização Mundial da Saúde, o Tabagismo, que, entretanto, não é uma loucura desatinada individual e sim, de todo um sistema perverso que inclui empresários, advogados, publicitários, políticos, ministros de estado, agricultores, formadores de opinião, entre outros co-responsáveis. Quando, em 29 de dezembro de 2001, morreu a roqueira brasileira Cássia Eller, a manchete dos jornais faziam clara referência ao uso de entorpecentes_ Drogas matam Cássia Eller (Jornal Extra) ou Droga mata Cássia Eller (Jornal O Dia). Leia mais, sobre Harrison, no The Guardian e no The Liverpool Echo. Por ironia do destino, as suas cinzas serão jogadas no Rio Ganges, na Índia... O Jornal Nacional, da Rede Globo, fez uma matéria bacana sobre a morte do 'Beatle quieto': link e link.
Na arte da política brasileira, a perda foi também sensível, por exemplo, no ano de 1998. Além do Senador Vílson Kleinubing (SC)(câncer de pulmão) e do ex-deputado e prefeito de Petrópolis, Sérgio Fadel (RJ)(infarto do coração), a morte do deputado Luís Eduardo Magalhães (BA), com apenas 36 anos de idade abalou o país, no mês de abril. Luís Eduardo era um dos maiores fenômenos políticos do Brasil dos últimos tempos, considerado um ás na arte de fazer política, até mesmo por opositores. Filho do atual presidente do Senado brasileiro, Antônio Carlos Magalhães ( ACM ), fumava demasiadamente ( 2 maços de Charme por dia) e tentara abandonar o fumo por várias vezes, sem obter sucesso. Nos primeiros meses do ano de sua morte, por exemplo, tentara parar cinco vezes. Diversas opiniões de especialistas povoaram a imprensa brasileira à época, das quais citarei algumas: do Dr. Kenneth Cooper, médico norte-americano, criador do método de Cooper de condicionamento físico - "Ele fumava muito, vivia estressado e tinha um alto nível de colesterol"; de um médico da Câmara de Deputados - "Em uma oportunidade, depois de passar mal e ser atendido por médicos da Câmara, o deputado acendeu um cigarro logo após a constatação de que a sua pressão arterial estava elevada"; do Dr. Turíbio Barros, Professor da Universidade de São Paulo - "O deputado já tinha obstrução coronária, fumava, era hipertenso e vítima de estresse"; do preparador físico Nuno Cobra, que não trabalha com quem não aceita abandonar o cigarro - "Parece evidente que o Luís Eduardo foi vítima, principalmente, do tabagismo e da hipertensão".
O fumo, sem qualquer dúvida, interferiu decisivamente na eleição presidencial brasileira de 2002. "Pule de dez", que na gíria das corridas de cavalos significa aquele animal que é uma "barbada" (vitória fácil), Luíz Eduardo Magalhães seria a indicação natural para a disputa da eleição pelo Partido da Frente Liberal (PFL). Outro partido político brasileiro, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), provavelmente faria o mesmo, com o, então governador de São Paulo, Sr. Mário Covas. O fumo provocou-lhe obstrução de artérias coronárias, infarto e deu-lhe pontes de safena. Mal recuperava-se, foi acometido de câncer de bexiga _ tumor em que o tabagismo também é forte fator de risco, que evoluiu com irradiação para o cérebro. A nação brasileira sofreu junto, em seus últimos momentos, pois, Mário, como era chamado, era um político íntegro e devotado, como poucos que conhecemos. Assim como o jornalista Artur Xexéo entitulou a sua coluna jornalística, referindo-se à morte de Célia Biar - "A televisão ficou menos elegante", eu diria que a arte de fazer política também ficou órfã de elegância, com a partida de Covas. A epidemia tabágica está dizimando nossa civilização, de forma nunca imaginada.
foto de Sérgio Tomisaki, O Globo, 17.jan.2001
Sofremos todos, juntos com Mário Covas.
No dia do enterro de Covas, eu tive uma ira e uma indignação imensas contra o fumo. Mais uma pessoa muito legal fora digerida pelo sistema tabagismo, bem nas nossas barbas...
Em 2002, Lula e Ciro Gomes eram 'presidenciáveis' que insistiam no risco
Apesar de todo o estrago já feito pelo fumo na política brasileira, notadamente na corrida presidencial de 2002, apesar dos candidatos ao cargo máximo do nosso executivo serem pessoas informadas (até porque, não poderiam pretender-se candidatos à presidência se não o fossem), parece que não recebiam estímulo suficiente para abandonarem o tabaco. A governadora Roseana Sarney era fumante há mais de 30 anos. Assim como pitavam, Lula e Ciro Gomes (hoje, o presidente da república e o ministro da integração nacional, respectivamente).
Lula Marques/Folha Imagem
Em 2003, Lula, já presidente da república, fuma escondido numa reunião, protegido pelo assessor Delúbio Soares, continuando a ignorar os riscos do maior matador de gente conhecido.
31 de outubro de 2011 - Para Lula, as consequências do fumo chegaram
Em 2004, Ciro Gomes, ministro de Lula, é repreendido por funcionária da Vigilância Sanitária de Brasília por fumar em local proibido. Ingrato, visto os perigos do ato de fumar, ironizou a 'vigilante' dizendo-lhe que ela estaria tendo os seus quinze minutos de fama...
fotos de Aílton de Freitas/ Agência O Globo, 27/mai/2004, para matérias publicadas na Folha de São Paulo e O Globo
Assessora leva o cinzeiro do Ministro...
Fico imaginando como deve ser difícil para vocês, adolescentes, acreditarem que o fumo faça mal, se pessoas tão importantes tomam atitudes como estas...
Miguel Arraes, político importante no cenário brasileiro, é mais um levado pelo Enfisema Pulmonar, em 2005. Noventa por cento dos casos desta doença têm relação com o fumo. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é a quarta causa de mortes no mundo e a quinta no Brasil.
Maurício de Andrade (entrevista)
Coordenador Geral da Ação da Cidadania e Coordenador Nacional do Brasil Sem Fome
Maurício de Andrade, lutou como e o quanto pode contra o Câncer de Pulmão. Em 6 de julho de 2007, a sua partida fortaleceu em mim a consciência de que temos muito o que fazer para barrar a nicotina. O parceiro de idéias e ações do sociólogo Betinho, batalhador por um mundo mais solidário, Maurício é mais uma vítima deste sistema doentio chamado tabagismo. Não consegui ajudá-lo a livrar-se dos malditos cigarros.
Jacques Brel
A canção francesa também perdeu muito com o tabaco. Já em 1978, um câncer no lobo superior do pulmão esquerdo levava Jacques Brel, belga de nascimento, autor e intérprete de uma das composições mais lindas de que se tem notícia, " Ne me quitte pas (não me deixe) ". Um dos artistas mais respeitados da Europa, que produziu poesias musicadas extraordinárias, foi mais um desfalque imperdoável provocado pelo cigarro.
Gilbert Bécaud, morto pelo cigarro.
Poucos dias após a partida do inglês George Harrison, em 18 de dezembro de 2001, outro câncer de pulmão levava um tremendo compositor de língua francesa, Monsieur Gilbert Bécaud, autor de " Et maintenant ? E agora ", um clássico da música francesa. Bécaud lutou como pode, contra o câncer preferido do cigarro, porém, não o suficiente.
Paradoxalmente, a arte também contribuiu com o movimento antitabagismo:
o filme "O Informante" ( The Insider )
trouxe à tona os podres poderes da indústria do tabaco, mostrando as grandes sacanagens que foram feitas para esconder, durante décadas, os males que o tabaco poderia trazer para a humanidade. Al Pacino, um dos maiores atores de sua geração, representa o produtor do programa jornalístico americano 60 Minutes, que estimula o cientista Jeffrey Wigand a desmascarar os facínoras da indústria do fumo. O Dr. Wigand (leia as suas idéias no prefácio deste e-book), que no filme é vivido pelo ator Russel Crowe, é um ex-vice-presidente de pesquisas de uma das maiores indústrias do ramo, a Brown & Williansons (dona da nossa (?!) Souza Cruz), revelou para o mundo, em 1994, uma série de falcatruas, que ele conhecia de dentro ( por isso, The Insider), para criar uma atmosfera menos negativa para os cigarros e aumentar as vendas. Como vocês sabem, as indústrias de cigarros sempre alegavam que seus produtos não criavam dependência química, não seriam feitas propagandas para a juventude, os cigarros não fariam mal à saúde, etc., etc., etc.... Antes das revelações do Dr. Wigand, a maioria das pessoas acreditava nas mentiras que a indústria dizia para os juízes: nicotina não vicia, nunca fizemos anúncios para seduzir jovens e estudos feitos por cientistas que contratamos comprovaram que o fumo não causa este mal todo não. Durante décadas, veicularam a idéia de que fumar tinha sido LIVRE-ARBÍTRIO (uma ova!!!) da pessoas, uma decisão do próprio fumante, sem interferência de ninguém. E como ainda tem gente boa e que se diz esperta que continua repetindo estas babaquices.
Jeffrey Wigand, Russel Crowe, Al Pacino e Lowell Bergman _ os atores e os seus representados
Clique aqui *, para ler (em inglês) a entrevista que o Dr. Wigand real concedeu ao ator Russel Crowe, que o interpretou no filme. Registro algumas conclusões que o Dr. Wigand tirou para si, de todo esse processo, que revolucionou a sua vida e a história da luta contra o tabagismo, e é apresentado no filme:
- A soma das partes individuais é sempre maior do que o todo.
- A indústria do tabaco trabalhou muito para suprimir e ofuscar a verdade. Seus alvos são as crianças do mundo, pois, o seu mantra é: "se você os fisga enquanto jovens, você os fisga para a vida toda".
- Que todo mundo é capaz de fazer a diferença e nós todos temos imperfeições.
- Levante-se e leve adiante o que você acredita. 'Viva num armário e você morre no escuro´.
- A verdade sempre vencerá no fim; é uma questão de tempo.
O Dr. Wigand, após a repercussão destes processos na justiça, criou uma Fundação, a Smoke Free Kids para ajudar a livrar as crianças do tabaco. Ele passou a ser uma muralha, como nos castelos medievais, na defesa da juventude do mundo.
Smoke Free Kids, fundação criada pelo Dr. Jeffrey Wigand, para ajudar a moçada a cair na real e a não cair nas garras dos monstros das cavernas.
Se v. acharem bacana, mandem-lhe uma mensagem eletrônica.
O cientista e uma das mensagens recebidas: "Obrigado, Dr. Wigand, por dizer a verdade sobre o tabaco".
tem O Informante, e mais, e mais, e mais, e mais.
Campanha da OMS no para o dia mundial sem tabaco (31 de maio) em 2001:
BOB, EU ESTOU COM CÂNCER
Um dos maiores problemas da alta mortalidade de artistas, por doença tabaco-relacionada, é que o mundo, já tão insensível, perde demais, com tantos sensíveis partindo antes da hora... Temos de preservar, pelo menos, as baleias, as tartarugas marinhas, os mico-leões dourados e os seres humanos, sobretudo, os que fazem artes.
A minha coleção das obras completas de Monteiro Lobato, edição de 1964, foi companheira de boa parte da minha infância. Ela foi o meu Harry Potter. Certamente, foi quem me fez desenvolver gosto pela leitura. Um de seus livros era O Saci. A figura lendária brasileira, nosso duende tupiniquim, negro e de uma perna só, tinha sempre um cachimbão à mão. Me pergunto se ele não perdera a perna, de tanto fumar, por tromboangeíte obliterante, uma das principais doenças tabaco-relacionadas...
Até tu, Saci Pererê ?!?
Reconheço a parte de culpa, dos profissionais que já entenderam o absurdo que seja fumar, pois, somos aqueles que têm maior informação acumulada para passar para a população em geral e vocês, adolescentes, em particular. Certamente, deveríamos estar muito mais mobilizados do que estamos, apesar de tudo o que já foi alcançado. Apenas no Brasil morrem mais de 200 mil pessoas por ano por causa do tabaco. Entretanto, jamais vimos passeatas de rua, com a galera vestida de branco, cobrando uma atitude mais intensa das autoridades. Creio que isso seja, entre outras causas, por uma ainda pequena conscientização sobre o problema.
O Globo, 25/maio/2003
Esta brincadeira, de gosto pra lá de duvidoso, da primeira leva das meninas debatedoras do Saia Justa, programa semanal da TV a cabo brasileira, mostra bem o atraso em que ainda nos encontramos, no que tange a compreensão da gravidade do problema tabagismo. Formadoras de opinião, do quilate dessas quatro, não se preservaram de expor suas imagens vinculadas ao maior matador de gente conhecido e, ainda posaram(!?!). Fernanda Young (escritora), Rita Lee (cantora), Marisa Orth (atriz) e Mônica Waldvogel (jornalista), ao meu humilde ver, deram uma pisada na bola legal. Uma imagem, dizem, vale mais que mil palavras. Os empresários do fumo devem ter tido orgasmos por essa publicidade gratuita(?) e de peso.
Campanha da Universidade da Califórnia, São Francisco, EUA
Desde 1990, a Organização Mundial da Saúde trabalha cada dia 31 de maio em cima da questão do tabagismo _ O Dia Muncial Sem Fumo. A cada ano um tema é escolhido. Pois bem, o tema de 2003 é um pedido a diretores, estilistas, produtores de filmes e moda e aos atores e modelos, que parem de glamourizar o fumo em suas obras: "Filmes livres de tabaco e moda livre de tabaco".
A moda tem em Gabrielle Bonheur 'Coco' Chanel, francesa, de Saumur, um de seus maiores ícones. A foto fumando é um de seus principais registros. Desde a década de 20, do século XX, a imagem feminina está sempre sendo usada para estimular os fumantes.
A campanha do Dia Mundial Sem Fumo de 2003 começou com uma solicitação do movimento SMOKE FREE MOVIES (filmes sem fumo), criado na Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, para que a Organização Mundial da Saúde analisasse os riscos da colocação do fumo em filmes, já que os mesmos têm uma influência global, sendo apresentados nos quatro cantos do mundo.
O movimento clama pela responsabilidade social da indústria cinematográfica e da moda, sobretudo, pela pressão que pode incidir sobre os jovens e os menos educados. As crianças que assistem regularmente a filmes com muito fumo têm 2,5 mais chances de fumar do que as crianças que não são submetidas a eles.
Proposta para mexer com bolso dos produtores de filmes: colocação de restrição por idade (17 anos) para que jovens assistam filmes em que haja fumo mostrado na tela.
Em maio de 2003, por exemplo, durante o festival de cinema de Cannes, França, mensagens da campanha filmes sem fumo foram espalhadas pela cidade:
As estrelas de cinema não têm de descobrir a cura do câncer, mas, pelo menos, poderiam parar de causá-lo...
As empresas de tabaco costumavam pagar pela colocação do produto. Agora Hollywood está desistindo?
A América exporta filmes com fumo. A América exporta marcas de cigarros.
Pensas que fumar representa uma rebelião artística? As firmas multinacionais do fumo vão te dar os parabéns...
Os cigarros não vendem bilhetes de cinema, mas os filmes vendem cigarros...
Mais mortes do que a AIDS. Mais mortes do que as guerras. Quem disse que os filmes não mudam o mundo?
Corrupto? Ou estúpido? É a sua carreira. Você decide...
Os Mercadores da Morte _ Obrigado por fumar.
Em 2006, é lançado o filme Os Mercadores da Morte _ Obrigado por fumar. Conta a história de um lobista que vive um drama de consciência ao constatar que defende, para ganhar muito dinheiro, o grupo das indústrias do fumo (a Big Tobacco) que mata 1.200 americanos do norte por dia e tem de explicar isto ao seu filho adolescente.
Ainda em 2006, foi lançado, na França, Tabaco, A Conspiração _ de Nadia Collot (link), após 3 anos de pesquisas sobre como agiu a indústria do tabaco nos últimos 50 anos. Vejam as primeiras fotos do filme: link
Do final do filme em que o cigarro mais aparece na história do cinema _ 174 vezes, a começar pelo nome da própria película, 200 cigarros, separei para vocês o seguinte diálogo, que justificaria todo o roteiro:
_ Você sabia que os cigarros são um escudo para conter a interação real com outras pessoas ? É verdade, eu li.
_ As pessoas se protegem emocionalmente com os cigarros, em vez de relacionarem-se com os outros. Me impressionou ver toda essa gente ligada aos seus cigarros.
_ Por quê temos tanto medo? Medo um do outro?
_ Como nós?
_ Nunca fomos nada se não honestos um com o outro.
_De qualquer modo, acho que está na hora de deixar de fumar.
De uma certa forma, a decisão de não fumar, numa civilização onde a estupidez emerge como a sua marca registrada, pode parecer totalmente inadequada.
Audrey Hepburn, em Bonequinha de Luxo, filme de1961.
Em entrevista à jornalista Martha Mendonça, da revista Època (6/nov/06), num bate-bola de perguntas e respostas, o cantor e compositor Zeca Pagodinho, que já vendeu mais de 13 milhões de cópias em seus 20 anos de carreira, responde da seguinte forma ao questionamento ' Qual o seu maior arrependimento?': "ter começado a fumar". (clique na entrevista)
foto márcio mercante
O Zeca 'deixa a vida me levar' Pagodinho é um cara super gente boa, um verdadeiro amigo dos amigos. Pois bem, está na hora de alguém ajudá-lo a 'incluir-se fora desta'...Zeca 'gente boa' Pagodinho, pare de fumar, irmão !?!
O ator Ney Latorraca investiu na parada de fumar.
Hugo Carvana _ Foto e texto não combinam de jeito e maneira (como dizem os meus parentes de Minas Gerais):
"Curado do câncer, Carvana, que faz cinema há 51 anos, desabafa: 'O drama da morte é pensar naquilo que você vai perder'.
Puxa vida, Carvana, você é um dos caras mais queridos do país, o charuto não tem nada a ver com você, brother. Ele tem, isto sim, é fascinação pelo câncer do qual você está curado. Ripa fora, maluco!
(Trinta por cento dos cânceres no mundo são devidos ao tabaco).
Carvana, veja os fatores de risco para câncer no Canadá. Viu a diferença entre o tabaco e as outras causas? Ripa fora, rapidinho, maluco!?! E, pior que te vi no primeiro capítulo de Paraíso Tropical _ lá, num bar da Avenida Atlântica _ e tu tava fumando charuto, maluco!?!
matéria de Simone Miranda, Extra, 09/07/2007
Chico Anysio, em seu célebre personagem Professor Raimundo
Leia, brother Carvana, as palavras do maior humorista brasileiro, Chico Anysio, que você certamente conhece melhor do que eu, na entrevista (áudio e texto) concedida ao jornal Extra, sobre o tabaco que ele consumiu por 40 anos e o Enfisema Pulmonar que teve que levar de bônus:
"Errei em muitas coisas na vida, inclusive em casamentos. Mas arrependimento mesmo, só o de ter fumado por 40 anos. Não há remédio. Minha esperança é que a célula-tronco entre em uso. Estou disposto a ser cobaia. Tenho um amigo médico, nos Estados Unidos, que ficou de me avisar quando o governo americano liberar as pesquisas. Faz tempo que uso um balão de oxigênio a maior parte do dia".
Placar do Estádio de São Januário, no final de semana seguinte à partida do Chico Anysio
TV Record
Chico 'Fantástico' Anysio
TV Globo
Chico 'The Best' Anysio
Simone Miranda Jornal Extra, 2007Chico Anysio lutou o quanto pode.
Recomendamos: 'Fumando Espero', filme de Adriana Dutra
Entrevista da idealizadora do 'Fumando Espero' ao Jô Soares