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"Fumar Pra Quê, Meninas e Meninos?"

 

PREFÁCIO, por Jeffrey Wigand

 

A cada ano, mais de 5 milhões de pessoas mundo à fora perdem as suas vidas por causa do tabaco. Pensem nisto. 5 milhões de pessoas. Todas estas vidas são perdidas desnecessariamente e isto pode ser prevenido. Assustadoramente, a Organização Mundial da Saúde estima que se a indústria do tabaco continuar com os seus negócios livremente como sempre, esta quantidade aumentará para 10 milhões de vidas perdidas por ano. Esta imagem é equivalente a um holocausto por ano. Evidentemente, medidas de prevenção são imperativas. Agora, mais do que nunca, nós precisamos “desnormalizar” um produto que pode matar tanto o seu usuário quanto o inocente que esteja próximo.

A triste verdade é que mais de 90% dos fumantes adultos começam antes dos 18, em média entre os 11 e 13 anos. A indústria sabe disto, inclusive um de seus mantras é “se nós os fisgamos quando jovens, nós os fisgamos para a vida toda”. De forma perturbadora, meninas jovens estão emergindo como um novo alvo para a indústria. Enquanto os países desenvolvidos do mundo restringem a liberdade de distribuição e venda de tabaco, a voracidade por lucros da indústria força-as a adentrarem em novos mercados. Estes novos mercados tendem a ser em países em desenvolvimento ou países com poucas barreiras regulatórias, em que discriminação de gênero seja a norma. Consequentemente, tanto mulheres quanto crianças estão sob grande risco de desenvolver dependência em nicotina _ uma dependência que pode roubar a sua vitalidade, privá-los da oportunidade de contribuir para o crescimento de seus países e freiar o país com gastos com assistência à saúde e perdas negativas de produtividade.

A chave para minorar o dano causado pela indústria é um forte controle dos produtos. Este controle é multifacetado e não inclui apenas um componente informativo e educacional, mas também inclui restrições na fabricação e conteúdo dos produtos de tabaco, aumentos nos preços dos produtos de tabaco, e criação de ambientes livres de fumaça. Um programa compreensível para minorar o dano causado pelo tabaco inclui estes quatro componentes.

O componente informativo/educacional inclui uma revelação completa sobre os efeitos do produto e conteúdos do produto, rotulando o produto com imagens gráficas de advertência para elevar a o nível de conhecimento sobre as conseqüências sobre a saúde, restrições de publicidade, e programas de educação que provêm as nossas crianças de ambas as informações, aquela que se contrapõe às campanhas de relações públicas da indústria, assim como a que capacita a fazer escolhas inteligentes.

Como a indústria intencionalmente projeta os produtos de tabaco de uma maneira que aumente a geração de dependência, restrições na fabricação destes produtos são também necessárias. Sem dúvida, um produto completamente regulado poderia modificar a facilidade com que se fuma, com a restrição de certos aditivos que reforçam o uso e a dependência. Por exemplo, a indústria frequentemente inclui aditivos açucarados, tais como alcaçus, mel e chocolate em seus produtos. Estes ingredientes facilitam a iniciação e o uso, e ainda aumentam o desenvolvimento de dependência. A indústria também usa substâncias químicas para elevar a potência da nicotina e aumenta a sua taxa de absorção. Há uns 10 aditivos usados em cigarros, selecionados dentre mais de 600, que se fossem reduzidos na quantidade total adicionada ao tabaco dos cigarros, ou totalmente retirados, reduziriam a facilidade no uso e a dependência. Afinal, é a dependência físico-química à nicotina que conduz compulsivamente o dia a dia da vida de um fumante.

Os aumentos de preço comprovadamente reduzem a taxa de fumo da juventude. Nós aprendemos com a experiência que um aumento de 10% no preço leva a 7% na queda do fumo entre os jovens. Além da elevação dos preços, elevar a idade a partir da qual uma criança possa legalmente comprar o produto e impondo penalidades aos comerciantes que vendam produtos a crianças abaixo desta idade pode ajudar a mitigar o dano causado pelo tabaco.

Finalmente, a criação de ambientes livres de fumo nos locais de trabalho, restaurantes espaços públicos é essencial para mitigar os efeitos do fumo passivo sobre um inocente que esteja presente. O criação de espaços públicos e de trabalho livres de fumaça tem salvo muitas vidas inocentes em estados, países e municipalidades que criaram ambientes livres de fumo. Além disto, estes ambientes deram aos fumantes que desejam parar de fumar um caminho e uma motivação para abandoná-lo.

Idealmente, um planejamento para reduzir o dano causado pelos produtos de tabaco incluirá todos estes quatro componentes: educação e informação, regulamentações na fabricação, aumentos nos preços e ambientes livres de fumo.

Este livro fornece ao leitor informação e educação sobre o produto, um primeiro passo essencial. É a minha esperança e a daqueles que estão bem informados sobre este produto, que o leitor será inspirado a agir de forma que contribuirá para mitigar o dano causado por este produto, e é a minha crença que aqueles que estão bem informados têm o dever de assim proceder. 

 

Jeffrey Wigand, ex-Vice-Presidente de Pesquisa e Desenvolvimento da Brown & Williamson (2a. maior indústria de fumo do mundo)

N.R. A Organização Mundial da Saúde considera que há dois momentos no movimento mundial contra o fumo: antes e após Jeffrey Wigand_link1. A luta do Dr. Wigand contra o sistema-tabagismo pode ser vista no Filme O Informante (The insider), de Michael Mann, 1997_Link2. Posteriormente, ele criou  uma organização para contribuir com a conscientização da turma jovem: Smoke Free Kids (Crianças Livres da Fumaça)_Link3.

 

Prefácio original (em inglês)

Every year, more than 5 million people throughout the world lose their lives due to tobacco.  Think about it.  5 million people.  All of these lost lives are unnecessary and could be prevented.  Alarmingly, the World Health Organization estimates that if the tobacco industry continues its unfettered business as usual, this amount will increase to 10 million lost lives per year.  That figure is equivalent to a Holocaust per year.  Clearly, adequate prevention measures are imperative.  Now more than ever, we need to “denormalize” a product that can kill both the user and the innocent bystander.

The sad truth is that over 90% of adult smokers start before the age of 18 with an average age of 11-13.  The industry knows this, as one of their mantras is “if we hook ‘em young, we hook ‘em for life."  Disturbingly, young girls are emerging as a new target for the industry. As the world’s developed countries constrain the unfettered distribution and sale of tobacco, the industry’s greed for profit forces them into new markets.  These new markets tend to be in developing countries or countries with low regulatory barriers wherein gender discrimination is the norm.  Consequently, both women and children are at greater risk for developing an addiction to nicotine -- an addiction that can ultimately steal their vitality, rob them of the opportunity to contribute to the growth of their country and saddle the country with a health care and negative productivity burdens.

The key to mitigating the harm caused by the industry is robust control of the products.  This control is multifaceted and not only includes an informational and educational component, but also includes restrictions on the manufacture and contents of tobacco products, price increases on tobacco products, and the creation of smoke-free environments.  A comprehensive program to mitigate the harm caused by tobacco includes all four components.

The informational/educational component includes full product disclosure of the effects and contents of the product, labeling the product with the graphic warnings that raise the awareness of the health consequences, advertising restrictions, and education programs that provide our children with both information that counters the public relation campaigns of the industry as well as the capacity to make intelligent choices. 

Because the industry intentionally designs tobacco products in a way which increases the likelihood of addiction, restrictions on the manufacture of these products is also necessary.  Indeed, a fully regulated product could change the ease of smoking with the restriction of certain additives that enhance ease of use and addiction.  For example, the industry currently includes candy-like additives such as licorice, honey, and chocolate in their products.  These ingredients facilitate the ease of initiation and use, and therefore increase the likelihood of addiction.  The industry also uses chemicals that enhance the potency of nicotine and increase its rate of absorption.  There are some select 10 cigarette additives out of more than 600 that if either reduced in the total amount added to the cigarette tobacco or totally restricted would reduce the ease of use and addiction.  After all, it is the physiochemical addiction to nicotine that compulsively drives the daily lives of a smoker.

Price increases are proven to reduce the rate of youth smoking. We have learned from experience that a 10% price increase relates to a 7% decrease in youth smoking.  In addition to raising prices, increasing the age at which a child can legally purchase the product and imposing penalties on merchants who sell products to underage children can help to mitigate the harm caused by tobacco.

Finally, the creation of smoke-free work places, restaurants and public places are essential to mitigating the effects of passive smoke on the innocent bystander.  The development of smoke free public and work places has saved many innocent lives in states, countries and municipalities that have created smoke free environments.  Additionally, these environments have provided smokers who want to quit an avenue and motive to quit.

Ideally, a plan to mitigate the harm caused by tobacco products will include all four components: education and information, regulations on manufacture, price increases and smoke-free environments.

This book provides the reader with information and education about the product, an essential first step.  It is my hope and that those who are well informed about this product will be inspired to take further action that will help to mitigate the harm caused by this product, and it is my belief that those who are well informed have a duty to do so.

 

Jeffrey S. Wigand, MA, Ph.D., MAT, Sc.D.

aka “The Insider”


  link

Jeffrey Wigand em trecho do documentário Paixão por Cigarros (We Love Cigarettes).


Aproveitamos este espaço do final do prefácio, para disponibilizar o depoimento prestado por Jeffrey Wigand, no curso da Ação Civil Pública que o Departamento de Justiça dos EUA move contra a indústria do tabaco desde 2004.

 
Jeffrey Wigand Depoimento


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