Entrevista sobre tabagismo com o
Dr. Alexandre Milagres
Em
tempos que o hábito de fumar vem sendo combatido em muitos países, por meio de
legislações cada vez mais restritivas, o site jovem entrevistou um especialista
na área para responder algumas questões sobre este assunto.
Alexandre Milagres
é médico, especialista em Pneumologia e Endoscopia Respiratória pela
Universidade de Medicina de Estrasburgo, na França.
Dr. Milagres
é um combatente na luta contra o fumo no Brasil e no Mundo. Coordena o Centro de
Apoio ao Tabagista ( CAT ) - Centro de Tratamento de Fumantes, orienta
adolescentes, realiza consultoria para
escolas e empresas, além de escrever para revistas e
jornais.
1- Quais os principais danos que o hábito de fumar
acarreta ao organismo?
O Tabagismo é a
maior causa de doenças evitáveis que existe. A industrialização do fumo, com o
surgimento dos cigarros, no início do século XX, levou a um aumento
extraordinário nas taxas de mortalidade, não respeitando fronteiras, idades,
gêneros ou raças.
O pior de todos os danos causados pelo tabaco no organismo humano é o
desenvolvimento da dependência cerebral em nicotina. Se não houvesse tal ligação
cérebro-nicotina, nem estaríamos falando neste problema hoje em dia. Isto seria
coisa do passado. Devido à dificuldade do ser humano em viver sem a droga, uma
vez que a tenha experimentado, apenas 3% dos fumantes conseguem abandoná-la sem
ajuda, tornando o contingente de fumantes num galpão em que entram mais pessoas
do que saem.
Desde o primeiro tabaco consumido (fumado, aspirado ou mascado), já existem
alterações na função de diversos sítios de nosso organismo. Por exemplo, a
inflamação de garganta, seios da face, traquéia e brônquios inicia-se apenas
pelo fato da fumaça do cigarro vir em uma temperatura elevada, para a qual a
natureza humana não foi destinada.
As funções orgânicas também sofrem modificações devido às milhares de
substâncias tóxicas envolvidas no processo. São substâncias que causam
inflamações, alergias, irritações, etc. Daí, com o passar do tempo, devido à
capacidade destas substâncias difundirem-se por todos os órgãos e tecidos por
onde passe sangue, nota-se perda da capacidade em qualquer parte do corpo. Seja
na capacidade respiratória, seja na função dos vasos sanguíneos. Reduz-se o
poder de defendermo-nos de bactérias, assim como a fertilidade de homens e de
mulheres.
2-
Quais são as doenças associadas ao uso do cigarro?
O Tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) o maior fator
de doenças e mortes evitáveis. São 5 milhões de mortes por ano hoje e, se nada
fizermos, serão 10 milhões a cada ano, a partir de 2.020. E, por que isto é
real? Primeiramente, pelo número de usuários da droga (nicotina) no mundo,
1.600.000.000 de pessoas. Apenas a cafeína é consumida em maior proporção.
Em segundo lugar, por tratar-se de uma doença que é gatilho para dezenas de
outras.
O Tabagismo é, por exemplo, fator de risco para diversas alterações vasculares
(infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, aneurismas. arterites
obliterantes e impotência sexual). Vale reforçar que o Infarto do coração e o
derrame cerebral são as duas principais causas de morte da humanidade. Muitos
acreditam ser a diabetes a maior causa de amputação de membros que existe,
entretanto, desconhecem que fumar lesa ainda mais os vasos e leva a um número
maior ainda de perdas de partes do corpo. Há cirurgiões plásticos que não operam
fumantes antes de 8 semanas longe do fumo, como prevenção para problemas na
cicatrização dos cortes devidos à má oxigenação dos tecidos.
Por outro lado, como na fumaça do tabaco existem de 60 a 100 substâncias que
isoladamente são capazes de ativar os mecanismos responsáveis pelo aparecimento
de alterações nas células e, como estas substâncias, como já dissemos, circulam
por todo o corpo, um número infindável de cânceres está relacionado ao uso de
tabaco. Isto é tão importante que atribui-se ao Tabagismo a existência de 30%
dos cânceres no mundo de hoje. Imagine que conquista para a nossa espécie, em
termos de tempo e de melhoria global na qualidade da vida, se abandonássemos
esta prática. Estes cânceres desenvolvem-se em órgãos em que a fumaça agride
diretamente o tecido (mucosa da boca, traquéia, brônquios, esôfago e estômago_
90% dos casos de câncer de pulmão são atribuídos ao fumo ativo e 5% ao fumo
passivo), assim como em órgãos onde as substâncias agressoras lá chegam via
sangue, tais como, bexiga, colo de útero, pâncreas, glande, mama, etc.
Há ainda outras doenças que ocorrem pela alteração das funções de defesa
provocadas pela fumaça e suas substâncias: pneumonia, tuberculose, crises de
asma e rinite, sinusite, gastrite e úlcera de estômago, cálculos de vesícula
biliar, má cicatrização de feridas, infecção ginecológica pelo vírus papiloma
humano (HPV), etc.
As alterações são tão difusas que o fumo pode ser responsabilizado por catarata
e cegueira, pela demência senil, pelo aumento do colesterol ruim, pelo
surgimento do diabetes tipo 2, por abortos espontâneos e gravidez na trompa e
por fraturas ósseas por osteoporose.
Portanto, não foi à toa que a OMS colocou o Tabagismo no topo do ranking de suas
atenções.
3- Quais as conseqüências dos efeitos do cigarro para os
fumantes passivos?
As consequências são as mesmas que para os fumantes ativos, os mesmos tipos de
doenças que surgem nos fumantes podem aparecer nos fumantes passivos. Inclusive,
com um agravante: para que um indivíduo desenvolva uma doença em particular ele
tem que ter uma tendência genética, daí um fumante passivo com tendência ao
câncer de pulmão vai desenvolvê-lo e o fumante pp. dito, se não tiver a
tendência, não o fará. A poluição tabágica é tão violenta que mesmo a aspiração
de uma porção "pequena" destas substâncias pode ser o suficiente para apertar o
gatilho.
Uma pesquisa, para exemplificar o que dissemos, muito interessante, foi feita
nos EUA, em Nova York. Chegaram a conclusão de que, entre todas as categorias
profissionais expostas ao fumo alheio, foi a categoria dos garçons, garçonetes,
barmen e mâitres, a que mais apresentou índices de doença arterial
coronária e consequentemente infartos do coração. Tal estudo fortaleceu a
decisão de proibir o fumo em ambientes fechados de uso coletivo na cidade de
Nova York.
Existem três tipos de fumaça quando o indivíduo acende e traga um cigarro. Tem a
fumaça que ele aspira para os seus pulmões. Tem a segunda, a que ele devolve
para o ambiente quando expira a fumaça. E tem a terceira, aquela que vem da
queima da ponta do cigarro. Pois bem, esta última, é a pior de todas, contendo 5
vezes mais nicotina e substâncias cancerígenas que as outras duas. A segunda (a
expirada) e a terceira (a da ponta) ficam horas num ambiente fechado. Um
trabalhador exposto a tal polução pode perfeitamente morrer por doença
tabaco-relacionada sem nunca ter tragado um cigarro ou fumado um charuto.
Muitos me perguntam: "mas e a fumaça dos carros?". Me lembro sempre de uma
pesquisa brasileira muito antiga, onde mediram-se os poluentes de uma região de
São Paulo chamada Cubatão. Na época, era a área mais poluída do Brasil. Era
poluição industrial da braba. Ao mesmo tempo, fizeram a mesma experiência
dosando os poluentes num quarto de 9 metros quadrados, onde fora deixado 1,
apenas 1, cigarro queimando. Conclusão do estudo: no quarto, com 1 cigarro
queimando, havia vinte vezes mais substâncias tóxicas do que mostrou a dosagem
na área de Cubatão em horário de pique de produção.
O mote da campanha do Dia Mundial Sem Fumo de 2001, foi justamente
FUMO PASSIVO MATA. VAMOS
LIMPAR O AR
4- No caso de filhos com pais fumantes, o início do
tabagismo seria conseqüência do exemplo apresentado por estes ou devido a
necessidade orgânica gerada pela inalação passiva de nicotina, durante anos?
O
tabagismo é considerado uma doença pediátrica, pois é justamente na infância e
na adolescência que 90% dos fumantes aderiu à nicotina. Aliás, eu preferiria
dizer que a maioria foi 'induzida' a aderir à nicotina.
A iniciação ao tabagismo e a sua manutenção é motivo de milhares de estudos
científicos, seja na área da medicina, da química, da psicologia, da sociologia,
da comunicação, etc. Não há apenas 1 fator que possa responder pelo fato de
alguém começar a fumar e não mais querer parar de consumir a droga nicotina,
abastecendo-se para tanto de centenas de milhares de maços de cigarros durante a
vida. Um indivíduo, por exemplo, que fume 40 cigarros por dia há 40 anos,
consumiu 1 milhão e duzentos mil cigarros ao longo de sua existência.
Classicamente, diz-se que existem alguns fatores que são os que mais contribuem
para adesão e manutenção na dependência:
·
Nicotina - uma droga tão eficaz para manter
adeptos quanto a heroína.
· Influência de terceiros -pelo fato de haver um número incrivelmente grande de usuários da droga nicotina, uma criança e um adolescente estão permanentemente expostos à visão de algo que ele desconhece e que aparentemente dá prazer a quem o consome. Quanto mais influência a pessoa que fuma tiver sobre o jovem, maior será a pressão para que experimente. Aí há um outro problema: como são muitos os fumantes, há muitas pessoas exercendo esta pressão inconscientemente. Podem ser mães, pais, tios, avós, padrinhos e madrinhas, professores, irmãos mais velhos, amigos de vida, colegas de escola, ídolos musicais, artistas de TV e cinema, enfim, uma legião de 'influenciadores'. Em nossas pesquisas em escolas, 50% dos pais dos alunos são fumantes. Número semelhante foi emitido num relatório recente da OMS.
· Preço baixo - o cigarro é uma das drogas que podem ser adquiridas pelo menor preço possível.
· Propaganda - o estímulo ao consumo é muito importante e além do que, a exposição do fumo nos meios de comunicação de massa prejudica a tentativa de abandono da prática. Para confirmar esta importância, basta saber que a indústria gasta mais com o marketing do produto do que com os insumos para a sua fabricação.
· Acessibilidade fácil - a existência de inúmeros pontos de venda facilita a aquisição e dificulta a fiscalização quanto à venda (proibida na maioria das sociedades) para menores.
· Ausência de risco de violência na hora da compra _ ao contrário de outras drogas, inexiste, na compra de tabaco, o risco de choques com a polícia, tiroteios, etc.
· Conivência de governos - muitos governos, por motivações as mais diversas, são extremamente tímidos em tomar medidas que possam alterar efetivamente o curso da epidemia. Uma das principais alegações dos que se opõem à ação mais contundente sobre o tabaco, seja a sua cultura na lavoura, seja a sua industrialização ou a sua venda, é o conceito de que o fumo gera empregos para o país e divisas para a nação. Sabe-se, na verdade, que para cada real que entra para os governos via comércio do tabaco, perde-se de 1,50 a 5,00, em gastos com a saúde, aposentadorias e mortes precoces e faltas ao trabalho.
· Fumo passivo do feto - quando a mãe fuma ativa ou passivamente (ou ambos), as substâncias tóxicas (entre elas a temida nicotina) vão para o organismo do feto pelo cordão umbilical, via vasos sanguíneos. Num indivíduo normal, bastam 100 cigarros para que possa estabelecer-se a dependência nicotínica. Se a mãe consome, por exemplo, 10 cigarros por dia, este feto, no décimo dia já poderá ter intoxicado-se e desenvolvido a sua própria necessidade de nicotina. Necessidade esta que vai sendo plenamente satisfeita até o dia de seu nascimento, quando, abruptamente, cortam-lhe o abastecimento da droga. Muito choro de criança durante os primeiros meses de vida é, não fome ou necessidade de atenção, e sim falta de nicotina e a consequente instalação da síndrome de abstinência, com o seu rosário de sintomas: irritação, inquietude, ansiedade, insônia e, sobretudo, uma baita vontade de fumar. Esta criança, que se adaptará em não receber a droga, ao ser induzida a ela, por exemplo, aos 12 anos, aos experimentá-la, terá muito mais chances de tornar-se um usuário habitual do que adolescentes que foram expostos ao tabaco via cordão umbilical.
5- Quais
são os perigos do hábito de fumar durante a gravidez ?
O Tabagismo é particularmente ingrato com as mulheres. Não que os homens sejam
poupados, ao contrário. Apesar de haver contestação à lenda de que a mulher é o
sexo frágil, no que tange ao fumo, os estudos parecem comprovar que esta
afirmação corresponderia à verdade.
Sob diversos aspectos as mulheres são mais suscetíveis à fumaça do que os
homens. E, infelizmente, as meninas estão iniciando-se no tabagismo, nos dias de
hoje, em maior número do que os meninos.
À título de informação, as mulheres fumantes recuperam-se pior dos infartos do
coração do que os homens; nestes mesmos infartos, o número de mortes súbitas
entre as mulheres também é maior. Além disto, permanecem mais tempo em
recuperação, nas Unidades Coronarianas, do que os pacientes do sexo oposto.
Algo especialmente grave é o fato de que, comparativamente, as mulheres têm mais
dificuldades para abandonar a nicotina do que o homem. Seja pelo fato de que têm
mais propensão à depressão psíquica, seja pelo temor (injustificável) de que
poderá ganhar peso excessivamente durante o processo e que nunca mais irá
perdê-lo.
Todo o processo feminino de adoecer pelo Tabagismo é difuso. A lista de
problemas é extensa:
Infertilidade
Gravidez na trompa
Aborto espontâneo
Parto prematuro
Nascimento de feto de baixo-peso
Morte súbita do bebê
Maior número de mães que não amamentam
Menor quantidade de leite materno
Desmame precoce
Menopausa precoce
6- O
hábito de fumar pode ser uma das grandes causas da impotência masculina ?
Parte da potência sexual masculina é mecânica, uma outra parte é psíquica. Há
ainda questões hormonais, uso de drogas que reduzam este fenômeno, etc.
Do ponto de vista puramente mecânico, para o orgão sexual masculino ficar ereto
e rígido e que esta rigidez e ereção sejam duradouras, é fundamental que os
vasos sanguíneos que fazem parte do processo se encham de sangue. As diversas
alterações que estes vasos sanguíneos sofrem em todo o corpo, pelo ato de fumar,
também obviamente estão presentes no pênis.
Existem substâncias que abrem os vasos e propiciam que eles tenham melhor
circulação de sangue (óxido nítrico); assim como existem aquelas que exercem
função oposta, estreitam os vasos e prejudicam a circulação (endotelina 1). Bom,
para vermos como o cigarro é maléfico, ele reduz a primeira e aumenta a
segunda...
7- O
cigarro causa poluição ao meio ambiente?
Acho que esta já
foi.
8-
Como é possível se livrar do vício que é o cigarro ?
Esta é uma parte importante do movimento mundial pelo banimento do
fumo. As pessoas precisam de ajuda para abandonar a nicotina. Precisam de muita
ajuda.
A dependência é chamada de drogadicção. Este termo 'adicto' vem de longe, do
tempo em que trabalhadores eram comprados de comerciantes de escravos. Quando um
destes escravos adquiria uma mercadoria no armazém do senhor feudal, ele não a
pagava (por não ter dinheiro) e ficava devendo ao dono da fazenda. Dizia-se que
ele ficava adicto ao senhor feudal. A dependência em nicotina, é na verdade, uma
forma de escravidão, em que não fica-se ligado ao senhor feudal de antes, mas
adictos a outros senhores de hoje.
É frequente escutarmos discursos inflamados sobre a liberdade de fumar, como se
isto fosse possível. A escravidão não permite este estado de espírito. Se há uma
coisa que a nicotina não permite é que nós a comandemos. Ela, em parceria com o
nosso cérebro, é quem dita em que ritmo, com que frequência e em que quantidade
vamos consumí-la.
Portanto, voltando a ajuda para o abandono do fumo que as pessoas precisam,
diria que a informação sobre o Tabagismo é fundamental. É preciso levantar a
lebre para o fumante ficar curioso sobre o assunto. E, olhe que há muita
informação a ser passada. A história do tabaco, as doenças, os riscos para o
meio ambiente, as artimanhas dos produtores de fumo para venderem mais, os
movimentos existentes hoje que buscam barrar esta epidemia, as estratégias para
vencer a vontade de fumar, etc.
Depois é preciso motivar o fumante a buscar algo melhor para si do que fumar.
Esta motivação é importantíssima. Sem ela, toda a informação passada pode não
encontrar eco em sua vida e em suas ações.
Aliado a isto, a união de esforços de pessoas com motivação semelhante pode ser
um fator primordial para o sucesso. As reuniões de fumantes têm o poder de
aumentar a força pessoal de um indivíduo que sinceramente deseja abandonar o
tabaco, em troca de uma qualidade de vida melhor.
Paralelamente a isto, as universidades médicas e a indústria farmacêutica tem
desenvolvido estudos e produtos que visam amenizar os efeitos da falta de
nicotina no organismo. Os tratamentos mais comumente utilizados nos dias atuais
são: a reposição de nicotina e/ou o uso de antidepressivos. Ambos os métodos
visam amenizar os sintomas da síndrome de abstinência em nicotina, que é o
principal fator de insucesso nas tentativas de parar de fumar.
Hoje, podemos dizer que já temos bastante conhecimento e recursos para auxiliar
aquele que deseja parar. E o que é ainda melhor, saber que esta oferta de
recursos, no Brasil, começa a ser disponibilizada para as equipes treinadas do
Sistema Único de Saúde (SUS). Graças aos movimentos organizados, conseguimos
reunir informação suficiente para conscientizar as autoridades de que ajudar
alguém a parar de fumar tem custo-benefício para lá de positivo.
9- Nos últimos
anos os governos têm adotado leis mais severas com relação ao tabagismo. A
Escócia, por exemplo, proibiu o fumo em locais públicos. Você acha que o governo
brasileiro deveria tomar medidas mais enérgicas para combater o fumo?
Bem, há duas questões aí. A primeira é se os governos federal, estaduais e
municipais, o poder legislativo e o poder judiciário brasileiros estão fazendo
tudo o que é possível para enfrentar o problema. A esta pergunta eu diria que
não. Há ainda muito a ser feito.
Agora, se a outra questão for saber se muito já foi feito, a esta eu digo que a
resposta é sim. O movimento contra o fumo brasileiro é um dos mais avançados do
mundo. Cito como exemplo o fato de que não há publicidade de cigarros no país em
qualquer tipo de mídia (exceto nos pontos de venda), seja televisão, jornal,
revista ou rádio.
Outra medida interessante foi a colocação obrigatória de fotos com situações
relacionadas às doenças provocadas pelo fumo em todo e qualquer maço de cigarros
produzido no país.
Além disto, temos uma lei federal desde 1996, a lei 9294/96, que agora vem sendo
implementada, que proíbe o fumo em locais públicos fechados de uso coletivo. Se
somarmos a isto a formações de equipes de tratamento de fumantes e a oferta de
medicamentos na rede do SUS, podemos nos orgulhar do que já foi obtido, mesmo
que ainda não estejamos na situação ideal.
10- De que maneira a mídia pode contribuir para
combater o Tabagismo, principalmente entre os jovens?
A imprensa tem sido uma grande difusora das informações sobre as ações do
movimento contra o fumo. Boa parte do que chega aos ouvidos da população vem
pelo espaço aberto na mídia. É importante mantermos bem informados os
jornalistas, para que estas informações possam ser mais freqüentes e em maior
quantidade.
Antes da lei que tirou das empresas jornalísticas o direito de vender espaço
para publicidade de tabaco em geral, vivíamos uma situação ambígua, em que
escrevia-se algo desabonador sobre o fumo na página 10 e anunciava-se o produto
nas páginas 13, 19 e 28.
Esta foi uma contribuição positivíssima da legislação restritiva à
publicidade do fumo: a empresa pode publicar uma matéria que fale mal do
cigarro, sem o constrangimento de estar desagradando a um patrocinador. De uma
certa maneira, isto está acontecendo agora no país com a publicidade das
cervejas, que nunca entrou tão fortemente na casa das pessoas.
Um problema que tem que ser combatido é o pouco acesso à informação. Os jovens
que lêem jornais e revistas habitualmente são, desgraçadamente, em número bem
baixo.
Uma questão que fica em aberto é: será que a mídia tradicional está alcançando
esta criança que está virando adolescente e que está prestes a fazer a opção de
ser ou não fumante? No Brasil, a faixa média de adesão à nicotina está em 13
anos de idade.
Portanto, numa sociedade em que 50% dos pais são fumantes e o acesso à
informação não é universal, há que pensar-se no papel da escola, tanto da
pública quanto da particular.
É fundamental que chegue à garotada a noção de que começar a fumar não é
rebeldia alguma. Participar deste passeio nesta canoa furada é simplesmente
fazer o que muitos esperam que seja feito: entrar no circuito dos fumantes,
ocupando o espaço dos que pararam de contribuir com o esquema porque morreram ou
adoeceram.
O endereço do site da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro em que esta entrevista esteve disponibilizada de abril a junho de 2006: http://www.rio.rj.gov.br/jovem
Fumar pra quê, meninas e meninos?
http://www.cigarro.med.br
CAT -
Centro de Apoio ao Tabagista
Tratamento de fumantes e orientação de adolescentes
Projetos para empresas e escolas
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