Flintstones - Cigarro Winston RJ Reynolds Tobacco Company |
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A indústria do cinema é parceira antiga da indústria do tabaco. A magnitude da pandemia de doenças e mortes relacionadas ao tabaco, que faz a Organização Mundial de Saúde considerá-la como o principal problema de saúde pública atual, tem total relação com esta parceria espúria. Estamos caminhando para uma mortalidade anual de 6.000.000 de pessoas no planeta. No Brasil, 550 pessoas morrem por dia devido ao tabagismo. A indústria do tabaco precisava de fatos novos que pudessem impedir a conscientização das pessoas quanto aos riscos do fumo, uma vez que estas encontravam-se diante de uma enxurrada de resultados científicos publicizados na metade do século passado dando conta de uma imensa lista de problemas causados pela fumaça do tabaco. O desenvolvimento de filtros para os cigarros foi uma das estratégias utilizadas pela indústria para barrar estas iniciativas dos cientistas antitabagismo. "Se o fumo faz mal, os seus problemas acabaram: criamos filtros", dizia ela. Posteriormente à criação dos filtros, as companhias degladiavam-se na disputa de qual marca possuía o filtro que menos afetaria o sabor dos cigarros. Os produtores do seriado A Família Flintstone, sucesso absoluto na década de 60, William Hanna e Joseph Barbera, venderam-se para os produtores do cigarro Winston e contribuiram para que o engodo cumprisse o seu papel.
Agradecimentos pela transcrição e tradução a Kátia Gray Cigarro Winston e a RJ Reynolds TC O cigarro Winston é uma das marcas registradas da história do tabagismo. É um símbolo de outro símbolo.
Richard Joshua Reynolds Uma das personagens mais importantes do sistema tabagismo é Richard Joshua Reynolds (RJ, para os íntimos). Nascido em 1850, no estado da Virgínia (EUA), filho de um rico fazendeiro (plantador de tabaco) e banqueiro local, aos 24 anos RJ se desfez das ações dos negócios familiares e partiu para voo solo no estado da Carolina do Norte (EUA), onde criou a sua primeira fábrica de cigarros. A cidade escolhida fora a de Winston.
Apesar de competir com outras 16 companhias, a RJ Reynolds no primeiro ano vendeu quase 200 mil libras de tabaco. E venderu milhões de libras poucos anos mais tarde. Em 1888, RJ convidou seu irmão Willian Neal _Mr. Will_ e seu contador, Henry Roan, para serem sócios da empresa. Em 1890, a RJ Reynolds Tobacco Company foi reconhecida pelo estado da Carolina do Norte como uma corporação. Em 1913, em mais uma jogada inovadora, RJ cria o cigarro embalado, o que o mercado temia que não seria aceito, dado a tradição dos fumantes da época de enrolarem os seus próprios cigarros. Ponto para RJ, como viu-se em seguida.
Cigarro Camel Posteriormente, criou o Cigarro Camel*, que recebera este nome por ser uma mistura de tabaco turco com tabaco americano (da Virgínia, terra natal dos Reynolds). RJ faleceu em 1918, devido a uma doença tabaco relacionada, o câncer de pâncreas. Neste momento, RJ Reynolds era a maior fortuna do estado da Carolina do Norte e era disparado quem mais pagava impostos na região (quase o dobro que pagava aquele que se situava em segundo lugar). Os negócios da família foram então tocados por Mr. Will, seu irmão, até que RJ Reynolds Jr. os assumisse. RJ Reynolds Jr. veio também a falecer, após anos de sofrimento por dificuldades em respirar, devido a outra doença intrinsecamente relacionada com cigarros, o enfisema pulmonar (4a. causa de mortes no mundo e 5a. causa no Brasil).
Cigarro Salem O Cigarro Salem foi outra das inovações da RJ Reynolds Tobacco Company, já em 1956: o primeiro cigarro com filtro mentolado. O seu nome fora dado pelo fato da cidade de Winston (sede da matriz da RJ) ter se aderido a de Salem, passando a ser Winston-Salem. Vista atual de Winston-Salem
Patrick Reynolds e a Fundação para uma América livre do fumo
Patrick Reynolds Curiosamente, Patrick Reynolds, um dos filhos de Richard Joshua Jr.,e, portanto, neto do 'velho' RJ, tornou-se, a partir dos anos 80, um dos maiores ativistas planetários do movimento contra o fumo. Seu bisavô foi plantador de tabaco, seu avô RJ criou a RJ Reynolds Tobacco Company, uma das maiores do mundo, seu pai RJ Jr. implementou os negócios tabageiros da família. Entretanto, as doenças provocadas pelo fumo foram implacáveis com a Família Reynolds. A primeira manifestação pública de Patrick Reynolds contra o fumo deu-se em 1986, numa audiência no Congresso Americano, onde manifestou-se contra a publicidade dos cigarros. De lá para cá, assumiu, nos EUA, um papel super relevante na luta pelo fim da pandemia. É de iniciativa de Patrick Reynolds a criação de uma importante ONG americana, The Foundantion For A Smokefree América (Fundação Por Uma América Livre do Fumo), que busca empoderar os fumantes para que obtenham sucesso no processo de abandono do tabaco e motivar os jovens a permanecerem livres dele. Seu trabalho e engajamento influenciam as ações do Ministério da Saúde americano e mesmo as decisões do Presidente Barak Obama nesta temática. Vídeos e conversas ao vivo com a fantástica campanha THE TRUTH ABOUT TOBACCO (A verdade sobre o tabaco) The Gilded Leaf
Patrick Reynolds descreveu a saga de sua família, na opinião de diversos críticos literários, de forma fascinante, no livro '"The Gilded Leaf _ Tryumph, Tragedy, and Tobacco. Three Generations of the R. J. Reynolds Family and Fortune" (A Folha da Fortuna _ Triunfo, Tragédia, e Tabaco. A Família e a Sina das Três gerações dos RJ Reynolds). Vale lembrar que a folha a que se refere o título e da capa da obra é, evidentemente, a de Nicotiana tabacum. *Há estudiosos de comunicação que consideram que a imagem representativa do cigarro Camel, na verdade, tratar-se-ia de um dromedário (possui uma corcova) e não de um camelo (que possui duas corcovas). A substituição teria sido proposital, uma vez que Camel era o cigarro preferido de homens de meia idade e a ideia a passar subliminarmente com a troca de animais seria a de uma 'camela grávida', o que estimularia o desejo e a preferência por esta marca posto que estaria inconscientemente associada a uma maior virilidade. Apesar da faixa etária de usuários de Camel haver mudado, com foco nos jovens, o marketing moderno da marca seguiu apelando para a virilidade. Assistam as críticas ao marketing do cigarro Camel, um dos carros chefe da indústria Reynolds, que criara uma personagem, o Joe Camel, para influenciar os jovens. As críticas são do próprio Patrick Reynolds: link. Patrick chama a personagem de Joe 'Chemo', numa alusão à chemotherapy (quimioterapia), isto é, ao tratamento de cânceres _ inclusive os produzidos pelo fumo do cigarro Camel. |
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