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Bem-estar
Livre-se do cigarro - 02/10/2001

Rodrigo Crespo Lima

2001-10-02_bem-estar_cigarro

Ele faz mal à saúde, deixa as roupas com cheiro, dá mau hálito, nos torna incapazes de dar uma corridinha de 200 metros sem botar dois palmos de língua para fora... Tá, tudo bem, você já está cansada de saber de toda essa lenga-lenga. Mas se você não é uma fumante incorrigível, com certeza conhece vários, que não tiram o inseparável parceiro da boca. O que já foi considerado uma "tiração de onda", hoje é visto com desprezo pela maioria das pessoas, neste caso, as não-fumantes, claro! Para combater este vício, já há disponível no mercado vários tratamentos. De remédios a chicletes, de adesivos com nicotina à implantação de um ponto cirúrgico na orelha. Eficazes ou não, todos têm o mesmo objetivo: acabar com o (péssimo) hábito de fumar.

Introduzida no Brasil por Marat Fage em 1976, a auriculoterapia é uma técnica que consiste na aplicação de um ponto cirúrgico pouco visível, que permanece em uma das orelhas por um mês, estimulando diversos pontos da acupuntura. "O local onde o ponto é colocado varia de pessoa para pessoa e é determinado por um equipamento eletrônico que foi desenvolvido especialmente para isso. A seleção dos diversos pontos de acupuntura que serão estimulados em cada paciente é fundamental para o sucesso do tratamento", adverte Marat Fage.

Acredita-se que a estimulação constante desses pontos de acupuntura provoca no organismo a produção de substâncias naturais do tipo da endorfina, que é o hormônio que nos dá a sensação de bem-estar. "Essas substâncias compensariam a falta de nicotina, reduzindo nitidamente a síndrome de abstinência caracterizada por ansiedade, insônia e nervosismo", diz ela. A diferença e a vantagem que esta técnica tem sobre a acupuntura é que não há a necessidade de sucessivas aplicações de agulhas e nem mesmo é preciso voltar para dar continuidade ao tratamento, o que é comum em outras técnicas como a das tradicionais agulhas de acupuntura ou a do laser. Segundo Marat, 80% das pessoas que fizeram esse tratamento abandonaram o vício de fumar.

O raio laser, também chamado de infravermelho, é outra alternativa no combate ao tabagismo. Também trazido por Marat Fage em 1983, ele não tem resultados tão expressivos quanto os da auriculoterapia, mas funciona. "Quarenta por cento das pessoas que se submetem a este tipo de tratamento se saem bem, mas o método tem lá os seus prós e contras", confessa Marat. Segundo ele, a principal vantagem é que, ao contrário dos repositores de nicotina, o paciente não recebe uma "overdose" de substâncias cancerígenas. "A nicotina apenas sai, ao invés de entrar em doses menores. No entanto, para as pessoas que têm uma vida muito agitada, este tratamento não é muito aconselhável já que o paciente tem que se submeter a aplicações dia sim, dia não, por aproximadamente meia hora", afirma Marat.

A reposição de nicotina significa que, ao invés de ser inalada através da fumaça do cigarro, a substância passa a ser introduzida dentro do organismo por outras vias. Pode ser goma de mascar, spray, adesivo, comprimidos etc. "Neste caso, trata-se somente de uma troca da via de acesso da nicotina ao organismo", alerta o pneumologista do Instituto Nacional do Câncer, Carlos Eduardo Batista. Assim, o êxito depende muito mais da pessoa do que do próprio método. "O tratamento à base de reposição de nicotina é semelhante a tratar um alcoólatra com pequenas quantidades de álcool todos os dias, ou um cocainômetro com pequenas quantidades de cocaína", alerta o pneumologista. Esta forma é mais eficaz para as pessoas que fumam pouco e esporadicamente.

O Centro de Apoio ao Tabagista é uma instituição que, como o próprio nome diz, oferece um programa para quem deseja parar de fumar. "A dificuldade maior não é parar de fumar, mas sim, não voltar a fumar", afirma o coordenador médico do programa, Alexandre Milagres que, apesar do nome, garante não fazer nenhum. Ex-fumante, dependente do cigarro por 20 anos, ele garante que no Brasil, devido aos altos preços das novas terapias, fica muito difícil para grande parte da população o acesso às novas terapias. "A primeira coisa que temos que ter em mente é que nenhum fumante é igual ao outro. Por isso, para cada caso há um meio de tratamento. O programa consiste em quatro consultas iniciais, para o levantamento do histórico clínico e tabagístico do paciente. Depois, é feita uma abordagem psicológica, para medir o grau de dependência de cada um e, posteriormente, uma abordagem nutricional. "Essa abordagem é muito importante, principalmente para as mulheres, porque, devido a eterna "síndrome da balança" e os fatais quilinhos que são ganhos durante o tratamento, a tendência ao fracasso é maior", informa Alexandre.

Feito isso, o paciente é estimulado a marcar uma data para abandonar o vício e o centro acompanha essa "libertação" por um ano, 24 horas por dia. "Muitas pessoas nos ligam, de madrugada, dizendo que não estão agüentando e que precisam de ajuda. Nessas horas, nosso tratamento se assemelha bastante com o dos Alcoólatras Anônimos e o "só por hoje" também passa a ser o nosso lema", comenta o médico. Para ele, o fato de uma pessoa parar de fumar por três meses, não a deixa livre do vício. "Só depois de um ano é que podemos teorizar sobre a parada do cigarro, mas muitos fatores podem levar a uma recaída: stress, a perda de um emprego ou de alguém querido, depressão etc", alerta.

O ato de fumar é um verdadeiro prazer para o fumante. Por isso, muitas pessoas acabam ficando deprimidas quando se vêem sem "o companheiro mais certo das horas incertas". Nestes casos, o uso de antidepressivos vem sendo utilizado em larga escala como tratamento auxiliar para largar o cigarro. Nota-se que estas drogas são somente um apoio para o tabagista e que ninguém vai abandonar o cigarro somente fazendo uso delas. "Antidepressivos podem ajudar no tratamento, mas os pacientes podem apresentar os efeitos colaterais clássicos das medicações antidepressivas, como agitação e sonolência, sendo contra-indicados na gravidez ou para quem dirige automóveis. E eles também não são recomendados para pacientes que fazem uso de bebidas alcoólicas", garante o pneumologista Carlos Eduardo Batista. Além disso, a duração prolongada do tratamento, com a necessidade de retornos ao consultório medico para manutenção e acompanhamento, eleva seu custo. E parece não ser a melhor saída. "Na realidade, tratar o fumante com medicamentos psicotrópicos pode provocar um novo tipo de dependência, além de colocá-lo no mesmo patamar de pacientes com distúrbios psíquicos", alerta o médico.

Que o cigarro faz muito mal, todos nós sabemos. Para os fumantes, a opção é escolher o modo de tratamento mais conveniente e largar, o mais rápido possível, o cigarro. Antes que ele acabe com você.

 

Melhoria de vida

 

De imediato: melhora o ar em torno do ex-fumante.

Vinte minutos: pressão arterial e batimento cardíaco caem para o normal, assim como a temperatura das mãos e dos pés.

Oito horas: nível de monóxido de carbono no organismo está normalizado. Aumenta a quantidade de oxigênio no sangue.

24 horas: é reduzido o risco de ataque cardíaco.

48 horas: aumenta sensibilidade ao cheiro e ao gosto.

De duas a 12 semanas: melhora a circulação sanguínea. Capacidade pulmonar aumenta 30%. Já é mais fácil caminhar.

De um a nove meses: diminui congestão, tosse e respiração ofegante.

Um ano: cai pela metade o risco de doenças cardíacas.

De 10 a 15 anos: expectativa de vida igual à de quem nunca fumou.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer

Diga adeus!

 

  1. Beber muita água.
    2. Mastigar balas ou chicletes dietéticos.
    3. Fazer caminhadas.
    4. Fazer exercícios de relaxamento, como respirar profundamente, soltando os músculos do corpo.
    5. Evitar tomar café e bebidas alcoólicas.
    6. Escovar os dentes imediatamente após as refeições.
    7. Praticar um novo esporte e procurar novas atividades de lazer.
    8. Se mais alguém fumar na casa, é importante tentar evitar que a pessoa fume na presença de quem está tentando parar.

    Fonte: Instituto Nacional do Câncer

    Agradecimentos

    Centro de Apoio ao Tabagista - Dr. Alexandre Milagres
    Rua Djalma Ulrich, 163, sala 602
    Copacabana , Rio de Janeiro, RJ
    Tel.: (21) 2513-2934
    www.cigarro.med.br

    Instituto Marat de Auriculoterapia Centro de Tratamento contra o Tabagismo

  2. Dr. Marat Fage
    Av. Paulista, 2202 17º andar Conjunto 175
    Centro, São Paulo, SP
    Tel.: (11) 3284-6973
    www.fumo.com.br

    Instituto Nacional do Câncer Dr. Carlos Eduardo Batista
    Praça da Cruz Vermelha, 23
    Centro, Rio de Janeiro, RJ
    Tel.: (21) 2506-6103
    www.inca.org.br