August 31, 2006

Editorial

Raising Nicotine Doses, on the Sly

While most of us thought the country was trying to curb smoking, and the rapacious habits of the tobacco companies, it turns out the industry has been sneakily making cigarettes more addictive.

Evidence of what looks like an increasingly desperate effort to hook new young smokers and prevent older ones from quitting has been uncovered by a Massachusetts law that forces tobacco companies to report test results showing how much nicotine is inhaled by typical smokers of their various brands.

This week, the Massachusetts Department of Public Health revealed that from 1998 through 2004, as public health campaigns were mounted to curb smoking, the manufacturers increased the amount of addictive nicotine delivered to the average smoker by 10 percent. Of 179 cigarette brands tested in 2004, an astonishing 166 brands fell into the state’s highest nicotine yield range, including 59 brands that the manufacturers had labeled “light” and 14 described as “ultra-light.” The three most popular brands chosen by young smokers — Marlboro, Newport and Camel — all delivered significantly more nicotine as the years passed. Virtually all brands were found to deliver a high enough nicotine dose to cause heavy dependence.

This trend has escaped notice because the standard government test uses a smoking machine that fails to mimic real-life smoking. A manufacturer, for example, can design a cigarette that will score low in nicotine delivery to the machine by placing tiny ventilation holes in the filter to dilute the smoke. But in real life a smoker will often cover the vents with lips or fingers, thereby inhaling a higher dose of nicotine. When Massachusetts required the manufacturers to use what it considered a more realistic method, the nicotine yields were more than twice those found on the standard test. The Massachusetts approach may not be perfect, but it is surely a lot more accurate than the traditional test, which virtually all independent experts consider deficient.

It is stunning to discover how easily this rogue industry was able to increase public consumption of nicotine without anyone knowing about it until Massachusetts blew the whistle. The Massachusetts report bears out the conclusions of a federal judge in Washington, who recently concluded that the companies have designed cigarettes to produce low nicotine readings on the standard test while delivering enough nicotine to create and sustain addiction. It is long past time for Congress to bring this damaging and deceitful industry under federal regulatory control. If the companies had to justify to the Food and Drug Administration why they should be allowed to increase the nicotine inhaled by smokers, you can bet they wouldn’t even try.

 

The New York Times  

31 de Agosto de 2006

Editorial

Aumentando as doses de nicotina, na surdina

Enquanto a maior parte de nós pensava que o país estava tentando restringir o fumo e a avidez das companhias de tabaco, revela-se que a indústria tem covardemente criado cigarros mais adictivos (que geram mais dependência).

A evidência do que parece ser um esforço desesperado de fisgar novos jovens fumantes e prevenir o abandono dos mais velhos, foi descoberta por uma lei de Massachusetts que força as companhias de tabaco a informarem os resultados dos testes mostrando quanto de nicotina é inalado por fumantes comuns de várias de suas marcas.

Esta semana, o Departamento de Saúde Pública de Massachusetts divulgou que de 1998 até 2004, enquanto campanhas de saúde pública eram criadas para restringir o fumo, os fabricantes aumentaram a quantidade da adictiva nicotina liberada para o fumante médio em torno de 10 por cento. De 179 marcas testadas em 2004, um assombroso número de 166 marcas enquadrou-se facilmente na classe dos de mais alta dose de nicotina do estado, incluindo 59 marcas que os fabricantes tinham rotulado como “light” e 14 descritas como “ultra-light”. As três marcas mais populares escolhidas por jovens fumantes _ Marlboro, Newport e Camel _ todas liberaram significativamente mais nicotina do que em anos atrás. Potencialmente todas as marcas liberaram uma dose de nicotina elevada o suficiente para causar dependência pesada.

Esta tendência não foi percebida porque o teste padrão dos órgãos governamentais usa uma máquina de fumar que falha ao imitar um fumante de carne e osso. Um fabricante, por exemplo, pode projetar um cigarro que vai marcar um score baixo para liberação de nicotina para a máquina colocando pequenos buracos de ventilação no filtro para diluir a fumaça. Mas na vida real, um fumante irá cobrir estes orifícios com os dedos, com isto inalando uma dose mais alta de nicotina. Quando Massachusetts obrigou os fabricantes a usarem o que é considerado um método mais dentro da realidade, os níveis foram mais de duas vezes maiores do que aqueles encontrados nos testes padrão. A abordagem de Massachusetts pode não ser perfeita, mas é seguramente muito mais acurada do que o teste tradicional, que virtualmente todos os peritos independentes consideram deficiente.

É surpreendente descobrir quão facilmente esta indústria patife foi capaz de aumentar o consumo público de nicotina sem que qualquer um tomasse conhecimento, até que Massachusetts soprasse o apito. O relatório de Massachusetts confirma as conclusões de um juiz federal em Washington, que recentemente concluiu que as companhias de cigarros projetaram cigarros para produzirem leitura de baixos níveis de nicotina no teste padrão enquanto liberavam nicotina suficiente para criar e manter adicção (dependência). Já passou muito tempo para o Congresso obrigar esta indústria danosa e fraudulenta a ficar sob controle regulatório federal. Se as companhias tivessem que justificar à Food and Drug Administration (FDA) por que elas deveriam ser autorizadas a aumentar a nicotina inalada pelos fumantes, vocês podem apostar que elas não iriam nem mesmo tentar.